Como o acidente nuclear de Fukushima continua nos afetando hoje


O acidente nuclear de Fukushima é considerado um dos maiores desastres ambientais da história moderna.

Em 2011, um tsunami desencadeado por um terremoto inundou os reatores na central nuclear de Fukushima I, levando metade deles ao colapso.

Desastre fukushima

Esse acidente é o maior desastre nuclear desde Chernobyl, em 1986. O vazamento de água contaminada e as consequências causadas pelo vapor radioativo liberado levaram à evacuação obrigatória de mais de 300 mil pessoas e à morte de 130 por câncer.

Mas os perigos do acidente de Fukushima não pararam em 2011. Veja como suas consequências ainda afetam todo o mundo.

Está afetando a saúde física e psicológica das pessoas

De acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde, as populações que vivem nas áreas mais afetadas demonstram uma maior chance de desenvolver câncer. Problemas de tireoide já foram relatadas entre 40% das crianças na área de Fukushima.

Além disso, o maior dano causado pelo acidente é o psicológico. Um relatório da revista médica Lancelot descobriu que aqueles que vivem em regiões de acidentes nucleares são mais propensos a se sentir estigmatizados ou sofrerem de estresse pós-traumático e depressão.

Está contaminando o mar

O governo do Japão declarou que 300 toneladas de água radioativa de Fukushima entram no Oceano Pacífico a cada 24 horas.

De acordo com a Tepco (Tokyo Electric Power Company), um total entre 20 a 40 trilhões de becquerels de trítio radioativo entraram no Oceano Pacífico desde o início do desastre nuclear.

Irá afetar nossa alimentação

O material nuclear de Fukushima está sendo transportado por todo o hemisfério norte, e há uma crescente contaminação da cadeia alimentar, através da bioacumulação e biomagnificação.

Em janeiro de 2014, foram encontrados na Califórnia peixes que apresentavam níveis de radiação 124 vezes a mais que os padrões estabelecidos. Também foram encontradas flores com mutação a 108 milhas a sudoeste de Fukushima.

Flor mutante

Essa liberação contínua de água contaminada da usina de Fukushima levou às autoridades a alertar que os peixes a menos de 100 quilômetros da costa provavelmente contém níveis elevados de material radioativo.

Além disso, amostras de ar, água e leite coletadas nos Estados Unidos após o desastre de Fukushima apresentaram altos níveis de iodo radioativo, césio e telúrio.

O desastre de Fukushima congelou o desenvolvimento de novas usinas nucleares

O desastre de Fukushima levou ao congelamento do desenvolvimento de usinas nucleares, principalmente no Ocidente.

A Agência Internacional de Energia Atômica, por exemplo, reduziu pela metade sua estimativa de capacidade de geração nuclear até 2035.

Na Alemanha, 8 dos 17 reatores nucleares do país fecharam até o final de 2012, e toda a capacidade de energia nuclear da Alemanha está programada para ser desligada até 2022.

A Itália realizou um referendo público, onde 94% dos votos foram para o bloqueio da construção de novas usinas. Na França, foi anunciado que a proliferação de energia nuclear será reduzida em 1/3. Já nos Estados Unidos, as discussões para o desenvolvimento de novas plantas praticamente cessaram após o acidente de Fukushima.

Os picos de radioatividade ainda continuam

Níveis de radiação extremamente elevados foram registados dentro de um reator danificado na central nuclear de Fukushima, quase seis anos depois do acidente.

O operador da instalação, Tepco, disse que leituras atmosféricas de até 530 sieverts por hora foram registradas dentro de um dos reatores que sofreram o colapso em 2011.

Um sievert é uma unidade de medida usada na avaliação do impacto da radiação sobre os seres humanos. A exposição a apenas uma sievert é suficiente para resultar em infertilidade, perda de cabelo e catarata. Uma breve exposição a 530 sieverts de radiação seria capaz de matar uma pessoa.

O nível mais alto de radiação detectado anteriormente no reator de Fukushima foi de 73 sieverts por hora.

E este problema está longe de ser solucionado

Estima-se que existam 1.331 barras de combustível nuclear que precisam ser removidas de Fukushima. Porém, a radiação ainda é tão forte que nem mesmo os robôs conseguem retirá-las.

Acredita-se que a instalação nuclear de Fukushima continha originalmente uma quantidade de 1760 toneladas de material nuclear. De acordo com o Wall Street Journal, a limpeza de Fukushima pode demorar até 40 anos para ser concluída.

Veja uma imagem de Fukushima antes e depois do acidente:

Fukushima

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