A Fossa das Marianas, localizada no Pacífico Ocidental, 300 km a leste das Ilhas Marianas, é a fossa oceânica mais profunda do planeta, atingindo impressionantes 11.034 metros de profundidade! Isso significa que nenhum outro lugar da Terra é tão profundo e tão próximo do núcleo da Terra.
A título de comparação, o Monte Everest, a montanha mais alta do planeta, tem 8.848 m. Imagine que o Everest seja transportado para o fundo da Fossa das Marinas. Ainda sobrariam, do topo da montanha até a superfície, 2,2 km. Incrível, não?
![fossa das marianas](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-rochas-cke.jpg)
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Ela é também gigantesca em termos de extensão. São 2.250 quilômetros de comprimento por 69 quilômetros de largura.
Desde que foi descoberta, na segunda metade do século XIX, a Fossa das Marianas vem sendo estudada por cientistas, intrigados com os mistérios dessa zona inóspita. O acesso a essa profundidade abissal só pode ser feito com o auxílio de tecnologia avançada, já que a pressão lá embaixo chega a ser mil vezes maior do que na superfície. Arriscar-se a uma profundidade como essa faria com que o corpo humano ficasse completamente esmagado.
Ainda conhecemos muito pouco sobre o fundo do mar. Em termos de relevo, sabemos mais sobre a superfície lunar do que sobre o fundo dos oceanos. Assim, dá para dizer que a Fossa das Marianas é a zona menos explorada de todo o planeta.
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Grandes mistérios da humanidade que já foram resolvidos
Depressão Challenger: o ponto mais baixo da superfície terrestre
A Fossa das Marianas não é uniforme nem plana. Isso significa que há declives, bem como pontos mais fundos do que outros. O local mais profundo da Fossa das Marianas - e, portanto, de toda a superfície do planeta - fica no extremo sul da fossa oceânica, a 11 km de profundidade.
Esse nome se deve ao nome do navio usado pelos pesquisadores que, em 1874, descobriram a Fossa das Marianas. Durante 4 anos, o navio inglês Challenger percorreu mais de 110 mil quilômetros com a missão de promover o primeiro mapeamento do leito dos oceanos.
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A cada 225 km, os pesquisadores jogavam uma corda com chumbo na extremidade para medir a profundidade do local. Até que um dia, a cerca de 300 km da Ilha de Guam, na extremidade sul das Ilhas Marianas, veio a grande surpresa: a corda não parava de descer! Quando enfim bateu no solo, chegando ao fundo daquele enorme buraco, foram medidos inimagináveis 8 km!
Estava descoberta a Fossa, não a Depressão Challenger. Esta só foi devidamente localizada com o auxílio de um sonar (aparelho que emite ondas sonoras, que refletem em obstáculos sólidos) numa expedição realizada em 1951.
O ser humano já chegou ao fundo da Fossa?
Sim, o ser humano já visitou 3 vezes a Fossa das Marianas. A primeira expedição ocorreu em 1960, e os responsáveis por esse mergulho pioneiro, considerado até hoje o mergulho mais perigoso da história, foram o tenente da Marinha dos Estados Unidos Don Walsh e o engenheiro suíço Jacques Piccard.
O mergulho pioneiro
![batiscafo trieste](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-trieste-cke.jpg)
A bordo do veículo submersível Trieste, que tinha 15 metros de comprimento e dispunha de um sistema de controle de flutuabilidade que usava pesos de chumbo, Walsh e Piccard passaram 9 horas dentro de um compartimento pouco maior do que uma geladeira. A 10,9 km de profundidade, avistaram vida marítima através de pequenas janelas.
A segunda expedição virou documentário
A segunda descida à Fossa das Marianas ocorreu em 2012. E quem realizou a façanha foi o diretor de cinema James Cameron, autor de Titanic. Pouca gente sabe, mas Cameron também é explorador. Assim, aliando o interesse científico com o cinematográfico, ele embarcou nessa perigosa missão de explorar o local mais fundo do oceano.
Foram ao todo 7 anos de preparação. Até que no dia 25 de março de 2012, Cameron se tornou a primeira pessoa a descer sozinha ao ponto mais profundo da Fossa das Marianas. A bordo do submersível Challenger Deep, ele atingiu 10.898 metros de profundidade.
O objetivo da expedição, coordenada pela National Geographic, era colher amostras de rochas e animais, além captar imagens por meio de câmeras capazes de suportar enormes pressões.
Tudo está registrado no documentário Deepsea Challenge 3D, lançado em 2014.
A terceira expedição: a maior profundidade alcançada pelo homem no mar
Em maio de 2019, o explorador norte-americano Victor Vescovo bateu um recorde: atingiu 10.927 metros abaixo da superfície a bordo do submersível ultra-resistente DSV Limiting Factor. Jamais um ser humano mergulhou tão fundo.
Foram cinco mergulhos, ao longo dos quais Vescovo coletou amostras de pedras e descobriu novas espécies de crustáceos e vermes marinhos. Uma "descoberta" ingrata dessa expedição foi um saco plástico cheio de embalagens de balas. Infelizmente, nem o local mais profundo do planeta escapa da poluição...
![saco plástico](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-plastico-cke.jpg)
Como foi formada a fossa abissal mais profunda do planeta?
Fossas oceânicas ou abissais são os lugares mais profundos dos oceanos e se parecem com vales ou cânions de proporções gigantescas, sendo a Fossa das Marianas a maior de todas elas. Elas são formadas através da colisão entre placas tectônicas, o que faz com que a placa mais densa e pesada deslize sob a mais leve. Essas regiões onde se formam as fossas são conhecidas como zonas de subducção.
Portanto, o que formou a zona de subducção mais profunda do mundo, mais conhecida como Fossa das Marianas, é a convergência de duas placas tectônicas, a do Pacífico e a das Filipinas. Há mais ou menos 50 milhões de anos, a Placa do Pacífico deslizou sob a das Filipinas, "mergulhando" no manto terrestre (que é a camada da estrutura da Terra que fica logo abaixo da crosta).
As placas tectônicas ainda se movem. Isso quer dizer que a crosta da Terra ainda se move na Placa do Pacífico em direção à zona de subducção da Fossa das Marianas.
Alguns animais curiosos que vivem na Fossa das Marianas
Entre abril e julho de 2016, pesquisadores americanos ligados à Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), órgão do governo dos EUA, realizaram uma missão a fim de coletar informações sobre a biologia e a geologia da Fossa das Marianas. Eis alguns animais fotografados pelo Deep Discoverer, veículo operado remotamente.
1. Enteropneusta
![Enteropneusta](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-animal-1-cke.jpg)
Essa espécie de enteropneusta (classe de animais invertebrados) vive geralmente enterrada no lodo do fundo dos oceanos.
2. Enteropneusta
![Enteropneusta](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-animal-2-cke.jpg)
Esse outro tipo de enteropneusta, também conhecido como "verme de bolota", foi flagrado no fundo do Sirena Canyon, na Fossa das Marianas.
3. Megalodicopia sp
![Megalodicopia sp](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-animal-3-cke.jpg)
Esse tunicado predatório vive em grandes profundidades. Sua "boca" aberta é uma armadilha eficiente para plânctons e pequenos animais.
4. Peixe-fantasma
![peixe fantasma](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-animal-4-cke.jpg)
Da família dos Aphyonidae, esse tipo de peixe, que parece uma enguia, pode atingir 10 cm quando adulto e não possui escamas. É a primeira vez que um peixe desse tipo é avistado vivo.
5. Medusa
![medusa](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-animal-5-cke.jpg)
Essa água-viva não-identificada vive na escuridão da Fossa das Marianas. Que bela e estranha descoberta!
6. Polvo
![polvo](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-animal-6-cke.jpg)
Esse polvo foi visto durante mergulho próximo ao vulcão submarino Ahyi, no norte das Marianas.
7. Peixe
![peixe](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-animal-7-cke.jpg)
Esse peixe, de espécie não identificada, vive na completa escuridão, a milhares de metros de profundidade. Vive, portanto, numa zona hadal - termo que, em biologia marinha, designa o ecossistema de zonas muito profundas.
8. Caracol-de-casca-de-fenda
![caracol](https://cdn.hipercultura.com/imagens/hiper-fossa-animal-8-cke.jpg)
Essa nova espécie de caracol foi descoberta durante os mergulhos dos pesquisadores do NOAA em 2016.
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