Nero: a história do imperador romano conhecido por sua tirania e excentricidade


O imperador romano Nero é uma figura que marcou a história, mas não pelas melhores razões. Seu governo é lembrado pela crueldade e pelo terror de seus atos.

Descubra agora a história do imperador, os acontecimentos mais marcantes de seu governo, e suas atitudes mais bárbaras.

Quem foi o imperador Nero?

Nero Cláudio César Augusto Germânico comandou o império romano entre os anos 54 e 68. Nero nasceu em Anzio, na Itália, em 15 de dezembro de 37, filho de Cneu Enobrado, um cônsul romano, e de Agripina, irmã do imperador da época, Calígula. Seu pai morreu quando Nero tinha apenas dois anos de idade.

Após a morte de Calígula, o imperador Cláudio assume o trono e casa com a viúva dele, Agripina. Cláudio passa a criar Nero como se fosse um filho, e o menino aos poucos assume protagonismo na política, ganhando mais destaque do que seu meio irmão Britânico, filho biológico de Cláudio.

Nero é nomeado imperador romano em 54, aos 17 anos, após a morte de Cláudio que, segundo alguns historiadores, teria sido assassinado pela própria esposa, Agripina.

Coroação de Nero
Nero sendo coroado pela mãe Agripina. Imagem: Wikipedia/ Carlos Delgado

Governo de Nero: do equilíbrio a tirania

No início de seu governo, Nero comandou o império romano de forma aparentemente equilibrada. O imperador garantiu a expansão romana, conseguiu controlar os ataques do Império Parta, na Pérsia, deu estabilidade financeira ao império, e promoveu a cultura e a arte, áreas que eram muito admiradas por Nero.

Com o passar do tempo, o imperador começou a adotar uma postura polêmica e desequilibrada em muitos níveis. Estudiosos acreditam que essa mudança tenha ocorrido em função dos choques de interesse entre os muitos mentores que cercavam Nero, incluindo sua mãe e seu tutor, o filósofo Sêneca. O distanciamento e divergências do imperador com o Senado podem também ter contribuído para esse comportamento mais autoritário.

Nero e o incêndio em Roma

Um dos eventos mais marcantes do governo de Nero foi o incêndio de Roma. O incêndio, que teve início em 18 de julho de 64 e terminou cinco dias depois, teria destruído milhares de residências, das mais simples, as grandes mansões romanas.

É bastante popular a teoria de que Nero teria colocado fogo em Roma para, em seguida, poder reconstruí-la novamente, da forma que fosse mais conveniente ao imperador. Uma imagem bastante difundida sobre este acontecimento é a de Nero tocando lira enquanto a cidade ardia.

Nero tocando harpa
Imagem: deiasblogsite.wordpress

Apesar dessa teoria, a maior parte dos estudiosos afirma que Nero não teria tido qualquer envolvimento com a tragédia. O imperador, inclusive, teria estado fora da capital quando o incêndio começou e voltado imediatamente ao saber da notícia, criando estratégias para lidar com o caos que havia se instalado.

Diante da catástrofe que se abateu sobre Roma, Nero resolve jogar a culpa sobre os cristãos. Pobres, em menor número, vistos pela população como fanáticos e transgressores por praticarem a sua fé, os cristãos viraram alvos fáceis e foram duramente perseguidos. Muitos foram jogados vivos para serem comidos pelas feras nas arenas romanas, outros foram torturados e crucificados.

Depois do fogo, Nero deu início a reconstrução da cidade, incluindo o seu palácio (Casa Dourada), o que significou aumento de impostos e mais descontentamento na população. O imperador passou a enfrentar uma oposição cada vez maior também pelas autoridades políticas, chegando a ser declarado inimigo do estado.

Casa Dourada - Wikipedia_Rabax63
Casa Dourada, em Roma. Imagem: Wikipedia/ Rabax63

Pressionado pelo exército e senado, Nero deixa o poder e se suicida em 6 de junho de 68. Ele foi o último representante da dinastia Júlio-Claudiana.

Fatos curiosos sobre Nero: vida de violência e amor pela arte

1. Nero foi responsável por diversas mortes, algumas bastante cruéis e de pessoas bem próximas a ele. O imperador mandou matar a própria mãe, Agripina, envenenou o meio irmão Britânico, deu ordens para executarem sua primeira esposa, Octavia, e assassinou sua segunda mulher, Poppaea Sabina, à chutes quando ela estava grávida.

2. Nero obrigou um antigo escravo chamado Esporo a se casar com ele e viver como se fosse uma imperatriz. O homem foi castrado (não se sabe se a mando do imperador ou por outras razões) e casou-se com Nero em uma cerimônia formal. O rapaz passou a ser chamado de Poppaea Sabina, em referência a esposa que o governador havia matado. Depois da morte de Nero, Esporo foi obrigado a servir os desejos de outros dois homens, autoridades em Roma. Esporo se suicidou 20 anos de idade, após a morte de Nero.

4. O imperador romano era um grande amante das artes. Nero gostava especialmente de tocar instrumentos, fazer atuações e recitar poesias em público. Essa prática não agradava nem as autoridades romanas, que achavam que aquele comportamento não era adequado para um imperador, nem o público, que era obrigado a assistir e aplaudir as performances de Nero.

4. Além do seu interesse pelas artes, Nero também se dedicou ao esporte como forma de ganhar popularidade. Ele chegou competir nos jogos olímpicos em 67 numa corrida de carros puxados por cavalos, mas a experiência não acabou muito bem e ele acabou sofrendo um acidente sério que quase lhe tirou a vida.

Veja também a história do padrasto de Nero, o imperador Calígula, um governante que se achava o próprio deus!