Ele foi ficou conhecido como o "rei do cangaço", e sua vida até hoje divide opiniões. Para muitos, ele foi um criminoso cruel. Já para outros, um verdadeiro herói, uma versão nordestina do Hobbin Wood.
Descubra agora quem foi Lampião, sua história e algumas das curiosidades mais interessantes sobre a sua vida!
Vilão ou herói? Conheça a história do controverso Lampião
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, nasceu em 1898 na cidade de Serra Talhada, em Pernambuco. Era filho de José Ferreira da Silva e de Maria Selena da Purificação, e tinha oito irmãos. Seu pai era um tipo de entregador de mercadorias da caatinga. Ele transportava produtos como farinha, peles de animais, algodão, etc.
Depois de se envolver em uma briga, o pai de Lampião foi preso e pouco depois morto pelas autoridades policiais. A perda do seu pai teve influência direta na transformação de Virgulino em Lampião. Jurando vingança, ele se juntou a um grupo de cangaceiros do qual rapidamente se tornou líder. Uma de suas primeiras ações a frente do bando foi mandar matar o homem que denunciou seu pai a polícia.
Lampião era um homem de muitos contatos. Desde o tempo em que acompanhava seu pai na entrega das mercadorias, ele pôde fazer muitos contatos e criar uma rede de relacionamentos que foi importante na sua vida de cangaço. Os estudiosos acreditam que esse apoio tenha sido essencial para que Lampião e seu bando fossem protegidos e até recebessem armamentos.
O bando de Lampião, que contava com membros dos 11 até os 71 anos de idade, foi responsável por muitos assaltos, roubos, assassinatos e diversos atos de crueldade, como estupros, mutilações e torturas. Mas então como era possível que o bando ainda fosse querido por alguns? A resposta pode estar nas festas que o grupo dava e nas distribuições de dinheiro que faziam pelas vilas onde andava, além das histórias que soavam heróicas sobre as fugas e vitórias do bando.
Lampião, Maria Bonita e Expedita Ferreira: a família que nasceu no cangaço
Talvez tenha sido algumas dessas histórias de suposta valentia de Virgulino que conquistaram o coração de uma jovem chamada Maria Déia. Filha de um fazendeiro baiano, casada, ela vivia uma paixão platônica por Lampião. Quando os dois finalmente se encontraram, Lampião, por causa de sua beleza, passou a chamá-la de Maria Bonita. A mulher partiu com o bando quando tinha 20 anos e foi a primeira mulher a se juntar ao grupo de cangaceiros.
Depois de sofrer três abortos espontâneos, Maria Bonita deu a luz Expedita Ferreira, que foi entregue para ser criada pelo tio e irmão de Lampião, João Ferreira. Apesar de ter sido criada longe dos pais para ser poupada de vida do crime, Expedita recebia a visita de Lampião e Maria Bonita até os cinco anos, quando os dois foram mortos. Estudiosos acreditam que Lampião tenha tido outros filhos com outras mulheres durante sua vida.
Morte de Lampião e a exibição pública e cruel de sua cabeça
O bando de Lampião conseguiu resistir por cerca de 20 anos fugindo da polícia. Durante esses anos, Lampião e seus companheiros foram atacados diversas vezes. Quase todos os seus irmãos perderam a vida em confrontos com os inimigos, e o próprio Lampião, assim como Maria Bonita, foi atingido nos embates. O líder do bando foi baleado nove vezes!
Lampião sobreviveu a todos esses ataques até ser morto em 1938. Apesar das muitas teorias sobre a morte de Virgulino, a hipótese mais aceita é a de que ele tenha sido traído por alguém do grupo, que teria informado a polícia sobre o seu paradeiro.
Durante a noite do dia 27 de julho, na fazenda Angicos, em Sergipe, o grupo foi surpreendido por muitos tiros que acabaram por matar 11 das 34 pessoas que faziam parte do bando, incluindo Lampião e Maria Bonita.
No ataque, as cabeças de Virgulino e sua esposa foram arrancadas e seus corpos esquartejados. As cabeças dos dois passaram a ser levadas as vilas e exibidas em praça pública para mostrar a todos os destino de Lampião e seu bando.Os restos mortais de Lampião e Maria Bonita foram enterrados apenas em 1969.
As curiosidades mais interessantes sobre a vida de Virgulino Ferreira, o Lampião
O que não falta na história de Lampião são curiosidades. Descubra 9 curiosidades sobre o rei do cangaço:
1. Virgulino perdeu a visão de um olho em um dos combates que teve contra os seus inimigos. O cangaceiro, então, passou a usar os famosos óculos que caracterizam a sua figura até hoje.
2. Lampião era extremamente religioso. Todos os dias ao meio-dia ele parava para rezar e nas sextas-feiras fazia jejum. Além disso, ele também costurava em suas roupas algumas orações, acreditando que elas poderiam protegê-lo.
3. Lampião foi recrutado para lutar contra a Coluna Prestes, um movimento armado que passava pelo interior do Ceará na época de Lampião. Virgulino chegou a receber armas, uniformes e até o cargo de capitão do exército para combater o grupo.
4. Lampião foi conhecido por muitas coisas, mas o que pouca gente sabe é que ele também foi compositor. Um refrão muito conhecido e que é de autoria do cangaceiro é esse aqui: "Olê mulher rendeira, olê mulher rendá. Tu me ensina a fazer renda, que eu te ensino a namorar". Acredita-se que os versos tenham sido escritos para a avó de Lampião, que era rendeira. Ouça aqui a cantiga:
5 A história de Lampião conta que ele era louco por perfumes! Mas não era só Lampião que ficava cheiroso não! Lampião passava perfume até nos animais.
6. Devido as suas fugas, que por vezes eram muito longas, Lampião foi dado como morto duas vezes: uma em 1924 e outra dois anos depois, em 1926.
7. Por causa da vida de fuga, o acesso do bando aos médicos era limitado. Por essa razão, Virgulino era o responsável por fazer curativos e procedimentos cirúrgicos quando necessário. Ele fazia também o parto de mulheres que iam se associando ao seu grupo.Fez, inclusive, o parto de sua própria esposa e ajudou a trazer ao mundo a filha, Expedita.
8. Uma das estratégias mais conhecidas de Lampião e seu bando era utilizar os calçados do lado contrário para confundir seus perseguidores sobre a direção que o grupo seguia.
9. O apelido de Lampião foi dado porque ele era muito bom como o seu rifle. Atirava tanto e com tanta destreza que a noite os tiros pareciam um lampião iluminando a escuridão.
