O deus Apolo é o mais belo e um dos mais poderosos de todo o Olimpo. Filho de Zeus, o deus supremo da mitologia grega, Apolo é o deus do Sol, e por isso também é o deus do calor e da claridade. Por ser também o deus da beleza, ele é o patrono das artes: da música, da pintura e da poesia. É o deus do canto e da lira, instrumento musical que lhe serve de símbolo.
Como deus do Sol, atribuía-se a ele a germinação da terra e a proteção das atividades agrícolas. Na Antiguidade, em algumas regiões da Grécia, as primeiras colheitas eram consagradas a ele. É também conhecido como deus pastoral, cuja tarefa é proteger os rebanhos.
É o deus das pragas e das doenças, conhecido como "aquele que afasta o mal", ou mesmo "Apolo médico", responsável por proteger as pessoas contra enfermidades. Mas o verdadeiro deus grego da medicina não era Apolo, mas seu filho Asclépio.
Também era adorado como deus guerreiro, mestre na arte do arco e flecha. Foi ele o responsável por matar com uma flechada certeira o terrível dragão-fêmea Píton. Outro feito notável de Apolo foi derrotar os Alóadas, os dois gigantes filhos de Poseidon que tentaram alcançar o Olimpo. Mais uma vez, suas flechas infalíveis entraram em ação. E nessa arte Apolo era mesmo invencível.
Outra atribuição importante de Apolo é a adivinhação. Ele é a divindade da profecia e dos oráculos. Na Grécia Antiga, havia diversos santuários aonde as pessoas iam para consultar as pítias, sacerdotisas dotadas do poder da adivinhação. Em seu delírio profético, as pítias falam em nome de Apolo. O mais famoso desses santuários de Apolo era o Oráculo de Delfos.
História do deus Apolo
Apolo pertence à segunda geração dos deuses olímpicos. É filho do maior deus da mitologia grega, Zeus (o Júpiter dos romanos), e Leto, filha dos Titãs Céu e Febe. Tem uma irmã gêmea, Ártemis, deusa da castidade, da caça e da Lua. Nas mitologias grega e romana, os deuses do Sol e da Lua eram irmãos gêmeos.
O duro nascimento de Apolo e sua irmã Ártemis
O nascimento de Apolo foi bastante complicado. Isso porque Hera, a esposa legítima de Zeus, descrita como extremamente ciumenta e vingativa, fez de tudo para impedir o trabalho de parto de Leto. Com medo da raiva de Hera, todos se recusavam a dar acolhimento a Leto, que só conseguiu das à luz os gêmeos divinos na ilha flutuante de Ortígia, depois chamada de Delos.
Mesmo assim, o parto não foi nada fácil, já que a enciumada Hera prendeu no Olimpo a deusa dos partos, Ilítia. O sofrimento de Leto só chegou ao fim após nove dias e nove noites, quando Hera aceitou libertar Ilítia em troca de um colar de ouro e âmbar. Primeiro nasceu Ártemis, depois Apolo.
Infância de Apolo: manjar dos deuses e a vitória sobre a Píton
Leite materno? Esqueça! As primeiras refeições do bebê Apolo não saíram dos seios maternos. Em vez de leite, Apolo foi alimentado pela deusa Têmis com néctar e ambrosia, que hoje conhecemos pelo nome de manjar dos deuses.
Com apenas um ano de vida, Apolo realizou um feito notável: matou a monstruosa Píton, um dragão-fêmea enviado por Hera para perseguir e matar a mãe de Apolo. Quando dissemos que Hera era vingativa, não estávamos brincando.
Quando Apolo procurava um local para seu santuário, deu de cara com o monstro nas imediações do Monte Parnaso, onde a Píton guardava o oráculo de Têmis. Ao ser atacado, Apolo fez uso de sua incrível habilidade de arqueiro, matando a gigantesca serpente que aterrorizava os habitantes da região. A vitória sobre o dragão foi muito celebrada pela população local.
Fundação do Oráculo de Delfos
Ele se apoderou do santuário de Têmis e ali consagrou a trípode, um móvel de três pés sobre o qual sua sacerdotisa, Pítia, se sentava para fazer suas previsões. O exato local onde Apolo executou tal façanha mais tarde ganhou o nome de Delfos. Estava fundado o famoso oráculo de Apolo.
Delfos era o lugar eleito por Apolo. Lá foi construído o altar e instituído o culto ao deus Apolo assim que a serpente Píton foi derrotada. Faltavam apenas os sacerdotes para ocupar o templo. E estes foram conseguidos por Apolo num navio que se aproximou de Delfos. Esse navio, tripulado por cretenses, recebeu a visita de Apolo sob a forma de um golfinho, que anunciou aos marinheiros que, de agora em diante, eles seriam os sacerdotes do novo templo.
Mas Apolo nem sempre ficava em Delfos. Diz a lenda que, chegado o outono, Apolo se retirava para Hiperbórea, um país mítico situado para além dos montes Rifeus, onde vivia um povo adorador de Apolo. O retiro só terminava na primavera, quando o deus voltava para Delfos.
As aventuras de amor do deus grego
Como já dissemos, Apolo era belíssimo - um verdadeiro deus grego. Era jovem, forte, tinha um rosto com traços delicados e cabelos longos que lhe caíam sobre os ombros. Além disso, era um guerreiro destemido e muito poderoso.
Mas se engana quem pensa que esses atributos facilitavam a vida do deus Apolo na hora da paquera. Dafne, por exemplo, disse-lhe não. Diante da recusa, Apolo passou a perseguir a ninfa, que, prestes a ser alcançada, pediu proteção ao pai, deus do rio Peneu. Para evitar que a filha fosse possuída por Apolo, o pai a transformou num loureiro.
A paixão por Cassandra também terminou mal. Para convencê-la a ficar com ele, Apolo propôs, como moeda de troca, dar-lhe o poder da adivinhação. Cassandra, então, se tornou vidente. Mas quando chegou a hora de cumprir sua palavra, voltou atrás. Como punição, Apolo tirou de Cassandra o poder da persuasão, o que na prática anulava o outro poder. Afinal, de que vale uma vidente que não consegue convencer ninguém?
Outra aventura de amor famosa envolve Cirene, uma ninfa caçadora. Só que desta vez houve um final feliz. Foi paixão à primeira vista: Cirene caçava nas encostas do monte Pelion, na Tessália. Quando Apolo viu sua beleza e sua coragem, convidou-a para viajar em seu carro de ouro. Dessa viagem nasceu Aristeu.
Do relacionamento com Urânia, musa da astronomia, nasceram os músicos Lino e Orfeu. Com Crisorte, nasceu Corono. Com Estilbe, Centauro. E por aí vai. Apolo nunca se casou, mas teve muitas amantes e muitos filhos.
Asclépio, deus da medicina, é fruto de sua união com Corônis. Aliás, a história de Corônis é trágica. Já grávida de Apolo, ela traiu o deus com Ísquis. Ao saber da infidelidade, Apolo mandou matar os dois amantes, cujos corpos foram levados à pira para serem cremados. Mas antes do fogo consumir o corpo de Corônis por inteiro, Apolo retirou Asclépio de seu útero.
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Principais combates do deus guerreiro
Já sabemos que Apolo era um deus guerreiro. Também sabemos que ele matou a serpente Píton com uma flechada certeira, e que despachou os gigantes Alóadas, filhos de Poseidon. Mas Apolo se meteu em outras brigas homéricas:
Briga com Tício, o gigante
Tício era um gigante, filho de Zeus e Elara - portanto, meio irmão de Apolo. A origem da desavença entre os irmãos foi o fato de Tício ter dado em cima de Leto, mãe de Apolo.
Apolo era daqueles que não levam desaforo para casa. Com a mãe no meio, pior ainda. Matou Tício sem dó nem piedade.
Forbas, o mortal valentão
Como diz o ditado, quem procura acha. E foi isso que aconteceu com Forbas, o mortal valentão que ficava às margens da estrada que conduzia a Delfos chamando pra briga todo viajante que passava por ali. Como Forbas era forte, não tinha para ninguém.
Até que Apolo resolveu intervir. Mas para não dar na pinta, resolveu aparecer para o valentão disfarçado de atleta. Sabe como Apolo venceu o combate? Com apenas um murro.
Desentendimento com Hércules
Diz a lenda que Apolo e seu irmão Hércules (Héracles, para os gregos) tretaram feio depois que este se apossou do trípode do Oráculo de Delfos. É que Hércules, que era semideus, não havia obtido da Pítia a resposta que queria. Irritado, resolveu roubar o tripé sagrado e fundar seu próprio oráculo em outro lugar.
Sabe quem apartou a briga? Zeus, o pai, que lançou um raio entre os dois. Conclusão: o tripé foi devolvido a Delfos, e os irmãos fizeram as pazes.
As aflições do deus Apolo diante da cólera de Zeus
Apolo era um dos filhos prediletos de Zeus. Mas isso não o livrou de passar uns maus bocados nas mãos do governante do Olimpo. Em duas oportunidades, Zeus castigou Apolo, obrigando-o a servir os mortais.
O assassinato de Asclépio e a expulsão de Apolo do Olimpo
A primeira punição ocorreu após Apolo matar os Ciclopes, os fabricantes dos raios, vingando o assassinato de seu filho Asclépio por Zeus. Asclépio havia desenvolvido os poderes de curar enfermos e ressuscitar os mortos, o que despertou o descontentamento de Hades, deus dos mortos, que receava ver seu reino despovoado. Para manter a ordem natural das coisas, Zeus fulminou Asclépio com um raio.
Como punição pela morte dos Ciclopes, Zeus expulsou seu filho Apolo do Olimpo. O deus teve que servir um mortal durante um ano. Esse mortal era o rei Admeto, da Tessália. Lá Apolo trabalhou pastoreando gado, e dizem que se saiu muito bem. Essa servidão passageira deu origem a uma das atribuições de Apolo: deus-pastor.
Passado o exílio de um ano, Apolo retornou ao Olimpo.
A conspiração contra Zeus
Por motivações diferentes, Hera, Poseidon e Apolo conspiraram contra Zeus. O objetivo era destroná-lo. Hera estava cansada das constantes traições de seu marido. Poseidon e Apolo, irmão e filho, por invejarem o poder do rei dos deuses.
Não é difícil de imaginar que a conspiração não deu certo. Afinal, bater de frente com Zeus não era tarefa fácil. Como punição, Apolo foi obrigado a trabalhar na construção das muralhas de Troia, sob comando do mortal Laomedonte, rei da cidade.
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Apolo romano
A adoração de Apolo em Roma começou cedo. No século V a.C., na época da República, já havia um templo dedicado a ele próximo ao Capitólio. Mas como se tratava de um deus estrangeiro, esse templo ficava localizado fora dos muros da cidade.
Durante o Império, era um dos deuses mais adorados, ao lado de Júpiter (Zeus). Diferentemente do que ocorreu com os outros deuses, os romanos mantiveram o nome usado pelos gregos. Tal como na Grécia, em Roma Apolo era conhecido como o deus da profecia e dos oráculos, responsável pela conexão entre os mundos dos deuses e dos homens.
O primeiro imperador de Roma, Augusto (63 a.C.-14 d.C.), adotou Apolo como seu protetor pessoal. A adoração era tanta que, perto do seu palácio, Augusto mandou construir um templo ao deus. Algumas vitórias militares e até o nascimento do imperador Augusto eram, segundo a crença, obras do deus Apolo. O imperador dizia que Apolo era seu pai.
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Símbolos de Apolo
- Loureiro ou a coroa de louros
- Cisnes
- Golfinho
- Lira
- Cabrito
- Arco e flecha
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