Samurais: Veja 10 curiosidades sobre esses guerreiros japoneses


Os guerreiros samurais foram um dos clãs japoneses mais conhecidos em todo o mundo. Sua honra, bravura e disciplina marcavam sua imagem e inspiraram filmes e séries no Ocidente. Porém, muito do que sabemos sobre essa classe não é bem como aprendemos.

Um exemplo disto é que, apesar deles serem lembrados como guerreiros, o termo samurai não dizia apenas a uma descrição de trabalho, mas sim toda uma classe. Muitas pessoas também acham que os samurais eram guerreiros raros, porém, em seu auge, até 10% de toda a população japonesa era samurai.

Confira então 10 fatos que te farão entender de verdade quem eram os samurais:

1. Como surgiram os samurais e quais as suas funções?

samurai

Os samurais surgiram durante o período feudal japonês, como uma resposta às circunstâncias históricas no Japão. Devido à limitação de sua extensão territorial e sua divisão em feudos, o Japão sofria com constantes batalhas internas.

Com a necessidade do império e dos senhores feudais de proteger seu território, seja de outros senhores ou de ataques externos, surgiram os clãs de samurais.

Ou seja, apesar dos samurais serem conhecidos como guerreiros honrados, seu real trabalho era defender os interesses de senhores feudais e da aristocracia imperial. Além disso, eles também foram responsáveis por coletar impostos para o império japonês.

2. Onna-bugeisha: as valentes mulheres guerreiras

Tomoe Gozen - A mulher samurai

Com o tempo, o termo "samurai" passou a designar não apenas uma descrição de trabalho, mas também uma distinção de classe.

Por isso, as mulheres que nasciam nesta classe também era consideradas samurais, fossem elas guerreiras ou não. Elas também deviam seguir o código samurai, e eram treinadas para usar algumas armas, como a naginata (uma arma de lâmina curva) e punhais.

Mas algumas dessas mulheres samurais se tornaram de fato guerreiras. Elas eram conhecidas como onna-bugeisha, e uma das mais famosas foi Tomoe Gozen, que durante o século XII lutou na Guerra Gempei, reunindo várias cabeças inimigas como troféus de batalha.

Tomoe foi a mais famosa das samurais, mas ela não foi a única a lutar nas guerras internas do Japão. Essas mulheres guerreiras eram pouco retratadas nos textos históricos, e por isso, era presumido que elas fossem uma pequena minoria, porém, pesquisas recentes mostram que as mulheres participavam muito mais das batalhas do que a história nos conta.

Durante uma análise de DNA feito com corpos encontrados no local da batalha de Senbon Matsubaru, que ocorreu em 1580, foi descoberto que 35 dos 105 corpos eram do sexo feminino. E pesquisas feitas em outros locais renderam resultados semelhantes.

3. Bushido, o Código Samurai

Os guerreiros deveriam conduzir sua vida de acordo com o bushido, o código de ética e conduta samurai. O bushido, que significa “caminho do guerreiro”, destacava conceitos como a lealdade, disciplina e coragem.

Para isso, o código descreve 7 princípios necessários ao samurai:

  • GI (義) – Justiça e Moralidade, Atitude direta, Razão correta, Decidir sem hesitar;
  • YUU (勇) – Coragem, Bravura heroica;
  • JIN (仁) – Compaixão, Benevolência;
  • REI (礼) – Polidez e Cortesia, Amabilidade;
  • MAKOTO (誠) – Sinceridade, Veracidade total;
  • MEIYO (誉) – Honra, Glória;
  • CHUU (忠) – Dever e Lealdade.

4. Eles aprendiam muito mais do que a arte da luta

Como os samurais pertenciam a uma classe nobre, eles eram muito mais que apenas guerreiros. A maioria deles era bem educada e alfabetizada em Kanji (um dos três sistemas de escrita usados no Japão), sendo que nessa mesma época poucos europeus sabiam ler.

Como o bushido ditava que um samurai deveria se esforçar para melhorar a si mesmo em diferentes maneiras, os samurais buscavam o aprendizado em muitas áreas, como matemática, poesia, pintura, caligrafia, entre outras.

5. Suas armaduras combinavam proteção e mobilidade

armadura samurai

Apesar da armadura dos samurais parecer estranha e cheia de ornamentos, cada parte dela era funcional.

Ao contrário das armaduras usadas pelos cavaleiros europeus, as armaduras dos samurais eram projetadas para a mobilidade, sendo resistentes, mas flexíveis o suficiente para deixar o guerreiro se movimentar no campo de batalha.

Sua armadura era feita de placas laqueadas de metal e couro, amarradas por laços de couro. Os braços eram protegidos por grandes escudos retangulares, com mangas também blindadas. Mas era comum que a mão direita ficasse sem uma manga, para que o guerreiro tivesse mais movimento.

6. O capacete e as inusitadas máscaras dos guerreiros

armadura samurai

O estranho capacete usado pelos samurais também tinha seu propósito. O kabuto, como ele era chamado, tinha a parte de cima feita de placas de metal, enquanto o rosto era protegido por um pedaço da armadura que fechada atrás da cabeça.

A parte mais icônica do kabuto era o protetor de pescoço. Ele era capaz de proteger o samurai de ataques vindos de todos os lados, além de possuir uma aparência bem interessante. Inclusive, essa parte inspirou o capacete usado por Darth Vader em Star Wars!

Já as suas máscaras com aspecto demoníaco eram usadas tanto para proteger o rosto dos samurais como para assustar os inimigos.

7. Os samurais nomeavam suas espadas

arma samurai

Como os samurais acreditavam que suas espadas incorporavam seu espírito guerreiro, eles a tratavam como um bem precioso, chegando a dar nome à elas.

Uma das armas mais utilizadas por eles era uma espada chamada “chokuto”, um pouco menor e mais fina que as espadas usadas pelos cavaleiros europeus. Posteriormente, os samurais começaram a adotar a katana, que se tornou o tipo de espada samurai mais famoso.

Já as mulheres guerreiras comumente usavam a naginata, um tipo de espada com lâmina curva.

Porém as espadas não eram o único tipo de arma que os samurais usavam. Eles também lutavam com o yumi, um tipo de arco, e quando a pólvora começou a ser usada em guerras, os samurais abandonaram seus arcos e passaram a usar armas de fogo e canhões.

8. As práticas e rituais samurais: Seppuku e Wakashudo

Seppuku

Seppuku - O ritual de suicídio

Um dos rituais mais conhecidos dos samurais é o Seppuku, também chamado de “hara-kiri”. Este é o ritual de suicídio, realizado quando o samurai falhava em seguir o bushido, ou quando era capturado pelo inimigo.

O Seppuku pode ser um ato voluntário, ou uma forma de punição. Esse ritual geralmente é ligado à batalhas, onde o samurai perfura seu estômago com uma lâmina, movendo da esquerda para a direita. Então, outro samurai termina o trabalho, decapitando seu companheiro.

Porém, existe uma versão mais formal deste ritual, que se inicia com um banho cerimonial. Então, o samurai é vestido com roupas brancas, e recebe sua refeição favorita. Após comer, ele deverá escrever um poema da morte, expressando suas palavras finais. Por último, ele agarra uma lâmina e realiza a ação.

Wakashudo - A prática entre dois samurais

Assim como gregos e espartanos, os samurais não apenas aceitavam a ideia de pessoas se relacionarem com o mesmo sexo, como isso era ativamente encorajado.

Na cultura samurai, essas relações geralmente ocorriam entre um samurai experiente e um jovem aprendiz. Esta prática era conhecida como wakashudo, ou “o caminho da juventude”.

Embora o wakashudo fosse um aspecto fundamental do caminho samurai, e um ritual realizado por todos os membros de sua classe, a história se permaneceu relativamente calada sobre isso.

9. Samurais x ninjas

Ninjas

Tanto os samurais quanto os ninjas foram guerreiros na era feudal do Japão. Porém, enquanto os samurais pertenciam à classe da elite, os ninjas eram da classe mais popular.

Os samurais surgiram primeiro o período Kamakura (1185-1336), enquanto os ninjas surgiram no período posterior, conhecido como Muromachi (1336-1568).

Dependendo à quem serviam, ninjas e samurais poderiam trabalhar juntos ou não, porém, dificilmente os ninjas iam para frente de batalha, assim como o samurais.

Ambos sabiam os preceitos de luta, porém, enquanto os samurais iam para o campo de batalha, os ninjas atuavam mais como conselheiros, coletando informações do inimigo.

10. Houve também samurais estrangeiros

Em algumas ocasiões especiais, pessoas de outros países também poderiam se tornar samurais.

O estrangeiro deveria receber esse título de algum líder poderoso, como um senhor territorial (daimyo) ou senhor de guerra (shogun). Junto com o título, ele receberia também as armas samurais e um novo nome.

Conhecidamente, existiram quatro homens ocidentais que se tornaram samurais: o negociante de armas Edward Schnell, o oficial da marinha Eugene Collache e os aventureiros William Adams e Jan Joosten van Lodensteijn.

Veja também:

Os principais deuses e criaturas da mitologia japonesa.