11 de Setembro: 8 fatos para você entender os atentados que mudaram a História


O que você estava fazendo na manhã do dia 11 de setembro de 2001? Certamente você se lembra dessa resposta. Se você ainda não tinha nascido nessa data ou se era muito novo para lembrar, com certeza já ouviu falar muitas vezes sobre o dia em que Nova York amanheceu em pânico e coberto por enormes colunas de fumaça.

Desde 1941, quando a marinha japonesa investiu contra a base de Pearl Harbor, não havia ataques em solo americano.

World Trade Center

1. O que foi o 11 de Setembro?

Os Atentados de 11 de Setembro de 2001, 11 de Setembro ou simplesmente 11/09 foram ataques terroristas suicidas orquestrados por fundamentalistas islâmicos contra alvos civis e militares norte-americanos. Trata-se do maior atentado terrorista de toda a história.

Além das Torres Gêmeas - o complexo empresarial World Trade Center (WTC), em Manhattan, Nova York -, o Pentágono - sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos - também foi alvo dos terroristas.

Ao todo 4 aviões comerciais de passageiros foram sequestrados na manhã do dia 11 de setembro de 2001. Tal como fizeram os pilotos kamikazes japoneses na II Guerra Mundial, os aviões foram usados como armas. E causaram enormes estragos.

Um dos aviões se chocou contra a Torre Norte do WTC às 8h46. Outro contra a Torre Sul pouco depois das 9h. Às 9h37, o terceiro caiu sobre o Pentágono, no estado da Virgínia.

11 de setembro

Às 10h03, o quarto avião caiu numa área rural próxima à cidade de Shanksville, no estado da Pensilvânia, após os passageiros tentarem retomar o controle da aeronave. Como o avião estava a apenas 20 de minutos de voo de Washington D.C., acredita-se que os possíveis alvos fossem ou a Casa Branca (sede do poder executivo) ou o Capitólio (sede do poder legislativo).

2. Quantas pessoas morreram?

Foram quase 3 mil mortos nos ataques, a grande maioria em Nova York. As duas colisões contra as Torres Gêmeas resultaram na morte de 2.753 pessoas. No ataque ao Pentágono, 189 pessoas morreram. No voo United Airlines 93, que caiu num campo da Pensilvânia, foram 44 mortos. Havia pessoas de 77 nacionalidades diferentes entre os mortos.

Mais de 6.000 pessoas ficaram feridas. Mais de 1.100 vítimas ainda não foram identificadas.

11 de setembro
Momento exato em que a segunda aeronave se choca contra a Torre Sul do WTC.

3. Quem são os autores dos ataques?

Inicialmente nenhum grupo admitiu a autoria dos ataques. A suspeita recaía sobre a organização islâmica Al-Qaeda, mas seu líder e fundador, Osama bin Laden (1957-2011), negava qualquer acusação.

Só em 2004, em pronunciamento divulgado pela rede de TV Al Jazeera, Bin Laden assume a autoria dos atentados.

Os 19 sequestradores, liderados pelo egípcio Mohamed Atta, foram treinados pela Al-Qaeda. Ao lado de Osama bin Laden, Khalid Sheikh Mohammad é apontado como o "arquiteto" do 11 de Setembro em um relatório da CIA, a agência de investigação norte-americana.

4. Qual o motivo dos ataques?

Na "Carta ao Povo Americano", publicada em 2002, Osama bin Laden pergunta-se: "Por que estamos lutando contra vocês?". A resposta é a seguinte: "Porque você nos atacou e continua nos atacando".

Não existe, na verdade, uma única motivação para o 11 de Setembro. No livro Dying to Win (Morrer para Vencer), de 2005, o cientista político norte-americano Robert Pape afirma que são as ocupações estrangeiras a principal razão para os ataques. Lembremos que na época havia presença americana na Arábia Saudita. Dos 19 sequestradores, 15 eram sauditas.

O apoio norte-americano a Israel nos conflitos contra a Palestina seria outro motivo. Aliás, o próprio Osama bin Laden diz isso na "Carta ao Povo Americano", escrita em 2002: "A criação de Israel é um crime que deve ser apagado. Toda pessoa cujas mãos foram poluídas na contribuição para esse crime deve pagar o seu preço e pagar muito por isso".

Pentágono
Ala do prédio do Pentágono atingida pelo terceiro avião no dia 11 de sembro de 2001.

Outro motivo listado na carta escrita por bin Laden são as sanções econômicas ao Iraque, iniciadas após a invasão do Kuwait por tropas iraquianas, em 1990.

Em outro trecho da carta, bin Laden menciona a jihad, palavra árabe que significa "esforço" ou "luta", não guerra santa. A jihad é um dos pilares da fé islâmica, e grupos fundamentalistas como a Al-Qaeda a interpretam como uma espécie de "cruzada" contra os inimigos dos países muçulmanos.

Essas tragédias e calamidades são apenas alguns exemplos de sua opressão e agressão contra nós. É ordenado por nossa religião e intelecto que os oprimidos têm o direito de retribuir a agressão. Não espere nada de nós, exceto Jihad, resistência e vingança. É de alguma maneira racional esperar que, depois que a América nos atacar por mais de meio século, a deixaremos viver em segurança e paz?

Osama bin Laden, em "Carta ao Povo Americano"

5. O que aconteceu com Osama bin Laden e os outros autores dos ataques?

Os 19 executores do plano suicida, obviamente, morreram na ação.

Durante anos Osama bin Laden foi o foragido mais procurado pelo FBI, a unidade de polícia norte-americana. A recompensa para quem fornecesse informações seguras sobre o seu paradeiro chegaram a US$ 50 milhões.

Em 2011, o líder da Al-Qaeda foi localizado e assassinado em Abbottabad, no Paquistão, por um comando especial do exército americano, e seu corpo foi lançado em alto-mar, seguindo os costumes islâmicos. Porém, e-mails da Stratfor Global Intelligence, uma empresa privada de segurança, divulgados em 2012 pelo WikiLeaks, revelam que o corpo foi levado em um avião da CIA aos Estados Unidos.

Khalid Sheikh Mohammad e mais quatro suspeitos de terem participado do planejamento dos ataques estão presos e serão julgados por um tribunal militar em Guantánamo a partir de janeiro de 2021.

6. O julgamento dos "5 de Guantánamo"

Base Militar de Guantánamo
Entrada do Camp 1, no Campo Delta da base militar na Baía de Guantánamo, em Cuba.

Está marcado para começar em 11 de janeiro de 2021 o julgamento de Khalid Sheikh Mohammad, Ramzi ben al-Shaïba, Ammar Al-Baluchi, Wallid ben Attach e Mustapha al-Hussaui. Quase 20 anos após o 11 de Setembro, será o primeiro julgamento de possíveis autores dos atentados.

Advogados tentam proibir que confissões feitas ao FBI sejam usadas no julgamento, já que, de acordo com documentos da CIA, Khalid foi submetido a 183 sessões de tortura com água, conhecida como waterboarding, em que se simula o afogamento.

Promotores, por outro lado, asseguram que Khalid e os demais participaram ativamente dos ataques. No caso de Khalid, ele é apontado como autor de outros ataques terroristas, como atentado a bomba no próprio World Trade Center em 1993.

Os cinco são acusados de crime de guerra e terrorismo e, se considerados culpados, podem ser condenados à pena de morte.

7. Por que o 11 de Setembro mudou o curso da história?

A "Guerra ao Terror" foi a consequência militar imediata. A campanha promovida pelos Estados Unidos de George W. Bush envolvia espionagem, detenções em outros países e ações militares contra nações supostamente associadas ao terrorismo. Foi assim que uma coalizão liderada pelos EUA invadiu o Afeganistão, em outubro de 2001, e o Iraque, em março de 2003. Nas palavras de Bush, era preciso vencer o "Eixo do Mal".

A "Guerra ao Terror" serviu de justificativas para inúmeras arbitrariedades e violações aos direitos humanos. A maior delas é a prisão militar localizada na Baía de Guantánamo, em Cuba, onde se comprovou a prática sistemática de tortura contra presos, entre os quais os "5 de Guantánamo", suspeitos de terem participado do planejamento dos ataques.

Fatos que demonstram por que o 11 de Setembro alterou o curso da história:

  • Duas guerras, a do Afeganistão e a do Iraque, foram consequências diretas dos atentados.
  • O combate ao terror tornou-se o tema central do século XXI. Como bem definiu David Petraeus, ex-diretor da CIA: "A luta contra o terror durará por gerações".
  • Osama bin Laden tornou-se o inimigo número 1 dos EUA. A caçada durou uma década.
  • Países que se consideram possíveis alvos de ataques terroristas passaram a investir muito dinheiro em aparatos de segurança, sobretudo em aeroportos.
  • Houve criação e aperfeiçoamento da legislação antiterror em vários países. Nos EUA, "Lei Patriótica" (USA Patriot Act) flexibilizou certas garantias individuais em nome da segurança nacional.
  • Houve aumento significativo do preconceito contra muçulmanos após o 11 de Setembro. Pesquisa realizada nos EUA 10 anos após os atentados mostraram que 4 em cada 10 americanos admitiam preconceito contra muçulmanos, o dobro registrado em relação a outros grupos religiosos.

8. O que é a "doença do WTC"?

Vítimas do 11 de setembro
Os sobreviventes ainda convivem com as consequências dos ataques em Nova York.

Os ataques geram vítimas fatais até hoje. É o caso de bombeiros que trabalharam no resgate das vítimas do World Trade Center. Essas pessoas inalaram pó e fumaça tóxicas, com potencial cancerígeno. Estima-se que aproximadamente 400 mil pessoas tenham sido expostas a essas substâncias altamente nocivas ao organismo humano

Até agosto de 2019, a "doença do WTC" já havia matado 200 pessoas.