A ovelha Dolly foi o primeiro animal clonado a partir de uma célula adulta. Isso quer dizer que ela não foi gerada através da fecundação - quando um espermatozoide penetra o óvulo, resultando num ovo ou zigoto. A ovelha Dolly tornou-se tão famosa porque seu embrião foi gerado a partir da célula mamária de uma outra ovelha. Assim, Dolly não era filha, mas uma cópia da ovelha original.
Interessante, não é mesmo? Confira agora respostas para algumas perguntas sobre esse feito extraordinário.
1. Quando e onde nasceu a ovelha Dolly?
A ovelha Dolly nasceu no dia 5 de julho de 1996, embora o caso só tenha vindo a público no dia 22 de fevereiro de 1997, gerando enorme repercussão no mundo todo. Ela nasceu no Instituto Roslin, que faz parte da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Aliás, foi lá que ela viveu toda a sua vida.
2. Quem fez o clone?
Foi uma equipe de pesquisadores escoceses liderada pelo biólogo embriologista Ian Wilmut, da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Outro biólogo importante que fez parte da equipe foi o britânico Keith Campbell.
3. Como foi feita a clonagem da ovelha Dolly?
Passo a passo do processo de clonagem de Dolly:
- Removeram-se as células mamárias de uma ovelha adulta da raça Finn Dorset.
- Removeu-se o núcleo de uma dessas células. O núcleo é a região da célula que contém o material genético (DNA).
- Ao mesmo tempo, retirou-se um óvulo não fertilizado de um outro animal, uma ovelha da raça Scottish Blackface.
- Em seguida, retirou-se o núcleo desse óvulo não fertilizado.
- Com isso, havia: um núcleo de uma célula adulta de uma ovelha + um óvulo não fertilizado sem núcleo de outra ovelha.
- Fundiu-se o núcleo com o óvulo vazio, método conhecido como transferência nuclear de células somáticas.
- A partir de um estímulo elétrico, o óvulo começou a se dividir, dando origem a um embrião.
- Ocorreu o agrumento de células, formando-se o blastocisto.
- O embrião foi colocado no útero de uma outra ovelha, da raça Scottish Blackface - uma "barriga de aluguel".
- Mais ou menos cinco meses depois, surgiu a Dolly.
4. Quanto tempo Dolly viveu?
Dolly morreu no dia 14 de fevereiro de 2003. Viveu, portanto, seis anos, o que pode ser considerado pouco para um animal de sua espécie. As ovelhas vivem em média 10 anos.
5. Por que a ovelha Dolly morreu?
Dolly teve de ser sacrificada por causa de um câncer de pulmão.
Logo após a morte de Dolly, espalhou-se a notícia de que ela sofria de envelhecimento celular precoce, o que lhe causou artrite no quadril e nas pernas. Segundo essa versão, a clonagem teria sido responsável por essa morte precoce.
Estudos divulgados em 2017 desmentem essa versão. Pesquisas feitas nos filhos e nos restos mortais da primeira ovelha clonada demonstraram que a artrose de Dolly era normal. Ou seja: Dolly não sofreu de envelhecimento precoce em virtude da clonagem, como muita gente chegou a pensar.
6. Por que a Dolly não se parece com sua mãe?
Antes dessa pergunta, devemos nos fazer outra: será que dá para dizer que Dolly teve uma mãe?
É que o útero que a carregou por cinco meses era apenas uma "barriga de aluguel". Todas as características genéticas da Dolly vieram de outra ovelha, a doadora da célula, uma Finn Dorset bem branquinha.
A ovelha que serviu de "barriga de aluguel" pertencia à raça Scottish Blackface. Nada a ver com a Dolly.
7. A clonagem da Dolly trouxe avanços para a ciência?
Como já dissemos, a clonagem da Dolly foi um verdadeiro feito, um marco na história da ciência. Mas quais foram de fato as vantagens desse evento? O que ele contribuiu em termos de avanços para humanidade?
O principal avanço da primeira clonagem deu-se no campo da medicina regenerativa. Aqui nos referimos à técnica de obtenção de células-tronco pluripotentes induzidas a partir de células adultas.
Essa técnica, conhecida como reprogramação celular, rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em 2012 ao pesquisador japonês Shinya Yamanaka. E sem a clonagem reprodutiva da Dolly em 1996 a clonagem terapêutica não seria possível.
A reprogramação faz com que essas células ganhem características de células-tronco embrionárias. Como o coringa do baralho, as células-tronco reprogramadas são capazes de gerar em laboratório qualquer tipo de célula, dos 216 tipos de células que temos no nosso corpo.
Estas são algumas das vantagens da técnica da clonagem:
- As células podem servir como modelo na investigação de doenças.
- Avanços no teste de medicamentos.
- Avanços no desenvolvimento de terapias mais eficazes.
- Restauro da função de órgãos ou tecidos do corpo humano.
- Terapia celular, que é feita através do transplante de células reprogramadas para o organismo da pessoa doente. Em outras palavras: a terapia celular opera a substituição de células doentes por células saudáveis. Em setembro de 2019, médicos da Universidade de São Paulo utilizaram pela primeira vez essa terapia para tratamento de um câncer terminal. Em apenas um mês, o câncer desapareceu.
8. Existem clones humanos?
Apesar dos boatos, não há comprovação da existência de clones humanos.
No início dos anos 2000, a seita raeliana anunciou a clonagem do primeiro ser humano. Nessa mesma época o médico italiano Severino Antinori trouxe a público a informação de que havia três mulheres grávidas de fetos clonados.
Antinori desistiu da clonagem devido às críticas que sofreu. A forte oposição não veio apenas das comunidades religiosas, mas do próprio meio científico. Outro entrave foi a legislação, que não permite a clonagem reprodutiva de seres humanos. Mas ele garante que os três fetos clonados nasceram. Será mesmo verdade?
9. Houve outras clonagens depois da ovelha Dolly?
Sim, houve muitas clonagens de animais após a experiência de sucesso com a ovelha Dolly. Macacos, porcos, gato, veado, camelo, mula. Em 2005, cientistas sul-coreanos criaram o primeiro cachorro clonado. Seu nome é Snuppy.
10. Houve clonagens antes da ovelha Dolly?
Na verdade, sim. Mas não de animais. Apenas plantas e protozoários eram clonados, e isso nunca chamou a atenção de ninguém. Clonagem vegetal é uma prática super fácil e a humanidade já faz isso há muitos e muitos anos. Para clonar uma planta, podemos usar seu caule, sua raiz ou sua folha. A planta gerada a partir do pedaço de um caule será geneticamente idêntica à planta original.
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