O que torna o Everest uma das montanhas mais perigosas do mundo?

Escalar o Monte Everest é um feito épico para se realizar, e desejo de muitos alpinistas em todo o mundo, mas também envolve colocar suas vidas em grande perigo.

Estima-se que 8.306 pessoas tentaram escalar a montanha até 2018. Destas, apenas 4.833 tiveram sucesso, enquanto 288 morreram tentando. Os dados também indicam que pelo menos uma pessoa morreu no Everest a cada ano desde 1969, exceto em 1977. Mas o que faz com que essa montanha seja tão mortal?

Doença de altitude no Monte Everest

Níveis de oxigênio caem para 1/3 no topo do Everest

Com 8.848 metros de altura, o Monte Everest é a montanha mais alta do mundo em termos de altitude. Além do seu terreno perigoso e inclinado, um dos motivos que a levam a ser tão perigosa é a chamada doença da altitude.

A doença da altitude, também chamada de doença aguda da montanha, pode começar quando a pessoa atinge uma altitude de cerca de 2.440 metros. Os sintomas incluem náusea, dor de cabeça, tontura e exaustão.

A insuficiência de oxigênio é a raiz da doença de altitude. No acampamento base do Everest, que fica a uma altitude de 5.400 m, os níveis de oxigênio estão em cerca de 50% do que estão no nível do mar. E caem para 1/3 no topo do Everest.

A doença da altitude pode levar a edemas pulmonares ou cerebrais, que é o acúmulo de líquido nos pulmões e no cérebro. Esse acúmulo pode resultar em perda de coordenação, e até mesmo levar ao coma e morte. Essa doença é atualmente a terceira maior causadora de mortes no Everest.

A principal causa de mortes: as avalanches

Avalanches na montanha são a maior causa de morte no Everest, registrando um número de 77 casos. A segunda maior causa de mortes no Everest são as quedas, com 67 ocorrências, seguida da doença da altitude, com 32.

Só em 1996, 15 pessoas perderam a vida ao tentarem descer da montanha devido a uma avalanche, fazendo com que esse se tornasse o ano mais mortífero para os escaladores.

A zona da morte

Estima-se que cerca de 200 corpos ainda permaneçam na montanha

Os 848 metros mais altos da montanha são conhecidos como "a zona da morte", e estima-se que cerca de 200 corpos ainda permaneçam por lá, devido à avalanches, quedas, doença da altitude ou congelamento. A maioria deles está escondido da vista, mas alguns já são corpos conhecidos na rota para o cume do Everest.

Talvez o mais conhecido seja o que restou de Tsewang Paljor, um jovem alpinista indiano que perdeu a vida em uma nevasca em 1996. Por quase 20 anos, o corpo de Paljor - popularmente conhecido como Green Boots (Botas Verdes), pelo calçado neon que ele usava quando morreu - descansou perto do cume do lado norte do Everest.

Quando a cobertura de neve estava menor, os escaladores tinham que passar por cima das pernas estendidas de Paljor no caminho de ida e volta do pico.

Bruscas mudanças de temperatura

A temperatura no Everest pode chegar a -60º Celsius

As temperaturas nessa montanha são outro agravante quando falamos dos seus perigos. Afinal, no topo do Everest, as temperaturas podem chegar a -60º Celsius, com ventos de até 200 mps, o suficiente para causar hipotermia em alguns dos alpinistas. Por outro lado, durante a subida, as temperaturas podem ultrapassar os 38° C.

Ou seja, os alpinistas devem estar preparados para os dois extremos.

Nepal: O lado com mais acessos, e mais mortes

Escalar a partir do lado do Nepal é de longe o jeito mais popular, mas que também tem um número maior de mortes. O lado do Nepal teve 5.280 subidas e 181 mortes, com uma taxa de 3,4%. Já o lado do Tibete tem 3.206 subidas e 107 mortes, ou seja, 3,3%. Essa taxas de mortalidade incluem tanto os escaladores contratados quanto os alpinistas.

Inclusive, o país que mais perdeu pessoas para a montanha é o Nepal, com 46 mortes.

Mas o quadro está melhorando

O Everest está ficando cada vez mais seguro, embora mais pessoas estejam subindo agora.

De 1923 a 1999 um total de 170 pessoas morreram no Everest, em 1.169 subidas. Isto leva a uma taxa de mortalidade de 14,5%. Mas as mortes caíram drasticamente de 2000 a 2017, com 7.056 escaladas e 118 mortes, ou seja, uma taxa de 1,7%.

A redução nas mortes se deve principalmente aos melhores equipamentos, melhor previsão do tempo e mais pessoas subindo com operações comerciais.

Apesar desses dados assustadores, muitas pessoas conseguiram o feito de chegar ao topo do Everest, e alguns casos são realmente inspiradores. Que tal ver agora alguns fatos que podem te deixar com vontade de tentar essa escalada?

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