A Pedra de Roseta é um bloco de basalto negro, com inscrição trilíngue, a partir do qual foi possível decifrar a escrita hieroglífica egípcia. O bloco data de 196 a.C. e foi encontrado por acaso por soldados franceses em julho de 1799 quando faziam escavações numa área próxima à cidade egípcia de Roseta, 70 km a leste de Alexandria.
Esse artefato arqueológico é uma estela - objeto monolítico usado no Antigo Egito para registrar informações diversas, desde hinos aos deuses até memórias e feitos de faraós.
No caso da Pedra de Roseta, ela contém um decreto emitido pelo supremo conselho de sacerdotes e promulgado pelo faraó Ptolomeu V Epifânio (205-180 a.C.) contendo uma lista de ações empreendidas por ele mesmo, como obras em templos e vitórias militares.
Após descoberto, no final do século XVIII, o bloco ficou pouco tempo nas mãos dos franceses. Em 1801, com a rendição das tropas napoleônicas às inglesas, o artefato foi levado à Inglaterra e se encontra exposto no Museu Britânico, em Londres, desde 1802.

Características e curiosidades dessa pedra egípcia
- Tamanho: 114 cm de comprimento por 72 cm de largura
- Peso: 762 kg
- Inscrição: 3 textos em 3 escritas diferentes. Na parte superior, escrita hieroglífica; na central, demótica; e na parte inferior, grega. O demótico, nascido no Baixo Egito no século VII a.C., foi a escrita e a língua falada no Egito por mais de mil anos.
- Número de linhas: 100 (14 linhas em escrita hieroglífica, 32 em escrita demótica e 54 em grafia grega)
- A pedra está inteira? Não, a pedra não foi encontrada inteira pelos soldados franceses. Ela está parcialmente partida na parte superior e nas laterais.
- Como o bloco seria estivesse inteiro? Provavelmente teria 180 cm de comprimento. Além disso, originalmente seu topo deveria ser arredondado e, à semelhança de outras estelas da mesma época, contaria com símbolos egípcios, como o disco solar alado, representando a divindade solar.
Leia também: A história de Osíris, Ísis e Hórus: como o mito influenciou a vida no Antigo Egito
Qual a importância da Pedra de Roseta
Assim que foi descoberta, a Pedra de Roseta chamou a atenção da equipe de cientistas que fazia parte da expedição militar conhecida como Campanha do Egito. Isso porque, após analisarem o bloco, os pesquisadores intuíram que se tratava do mesmo texto escrito em 3 idiomas distintos.
Assim, a partir da tradução do texto grego (que fica na parte inferior) se poderia chegar à decifração do misterioso sistema de escrita dos antigos egípcios: a escrita hieroglífica.
Imediatamente, o então primeiro-cônsul Napoleão Bonaparte (1769-1821) tratou de enviar cópias da inscrição para vários especialistas e eruditos de toda a Europa. A intenção era que alguém conseguisse decifrar os caracteres usados na escrita do Antigo Egito: os hieróglifos.
Só em 1822, quando a Pedra de Roseta já pertencia aos ingleses, é que um professor francês, de posse de uma dessas cópias, consegue realizar o grande feito.
Quem a decifrou?

O responsável por decifrar o sistema hieroglífico de escrita é um professor francês de História Antiga chamado Jean-François Champollion (1790-1832).
Por ter realizado a façanha de decifrar a escrita dos antigos egípcios e por ter instituído a egiptologia enquanto disciplina, Champollion é considerado o "pai da egiptologia".
Para decifrar os hieróglifos da Pedra de Roseta, Champollion começou localizando o nome próprio "Ptolomeu", que é mencionado várias vezes no texto. Depois, dividiu os elementos que formam o nome e, posteriormente, comparou essa inscrição com outras que mencionavam nomes reais.
No dia 14 de setembro de 1822, Champollion chegou à conclusão de que a escrita hieroglífica era composta pela combinação de sons e imagens. Com isso, contrariava a teoria de que os hieróglifos eram unicamente símbolos.
Em 1824, Champollion deifiniu a escrita egípcia da seguinte forma:
É um sistema complexo, uma escrita que é figurativa, simbólica e fonética na mesma frase, eu diria quase na mesma palavra.
O que diz a Pedra de Roseta?
Como já dissemos, a Pedra de Roseta contém uma série de medidas realizadas pelo faraó Ptolomeu V Epifânio. Entre essas medidas, destacam-se obras beneméritas a templos religiosos, redução de impostos e a restauração da paz após uma rebelião. Quem emitiu esse decreto foi o supremo conselho sacerdotal, reunido em Mênfis, antiga capital do Baixo Egito.
Em retribuição, o conselho de sacerdotes promete reforçar o culto ao faraó Epifânio, com a construção de estátuas e a realização de festividades em homenagem ao monarca. O decreto termina dizendo que o decreto deverá ser inscrito em templos de todo o Egito.
O que a Pedra de Roseta revela, em última análise, é uma colaboração entre duas instituições muito importantes do Antigo Egito: a monarquia e o sacerdócio.
Leia também: Pirâmides do Egito: 8 coisas que você precisa saber sobre essas maravilhas do Antigo Egito