A Torre de Babel existiu? Curiosidades e evidências sobre a mitológica construção


De acordo com a bíblia, a Torre de Babel foi uma edificação construída na terra de Sinar ou Babilônia, após o grande dilúvio. A história explica a existência das várias línguas no mundo, quando Deus decidiu confundir os homens por sua arrogância e ganância.

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Pintura da Torre de Babel por Pieter Bruegel, o Velho (1526/1530-1569)

Historiadores tentam por séculos confirmar a existência da torre de Babel e de seu criador. Evidências recentes apontam que a construção pode ter existido na região que antes era conhecida como Babilônia, atual Iraque.

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Inscrição encontrada em pedra do século 6 a.C. revela como poderia ter sido a Torre de Babel e o rei Nabucodonosor II. (Foto: Reprodução de vídeo/Smithsonianmag.com)

De acordo com o Dr. Andrew George, professor de Babilônia pela Faculdade de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, uma pedra encontrada há cerca de um século revela a imagem do que poderia ter sido a Torre de Babel. De acordo com ele, a pedra oferece forte evidência para comprovarmos a existência da edificação. Seus estudos foram apresentados pelo canal educacional Smithsonian em 2017 em um episódio dedicado a estas novas descobertas.

Significado da Torre de Babel

Estudos apontam que a inspiração para a Torre de Babel pode ter sido a existência do templo de Marduk, que na língua babilônica era chamado de Bab-ilu, que significa “Porta de Deus”. No hebraico, ela se chamava Babel ou Bavel.

A semelhança na pronúncia de Babel e da palavra balal, que significa confundir no hebraico, explica a passagem de Gênesis 11:9 “Por isso foi chamada Babel, porque ali o Senhor confundiu a língua de todo o mun­do. Dali o Senhor os espalhou por toda a terra”.

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Pintura da Torre de Babel por Pieter Bruegel, o Velho (1526/1530-1569)

De acordo com as escrituras sagradas, a soberba dos homens em construir uma edificação tão alta que alcançaria o mundo dos deuses, causou a fúria de Deus. Dessa forma, Ele fez com que as pessoas que trabalhavam na construção não mais se entendessem, dando-lhes idiomas variados a partir dali.

A passagem de Gênesis nos ajuda a contextualizar essa história:

E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.
E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal.
E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.
Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra, e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.

Gênesis 11:1-9

Quem construiu a Torre de Babel? História da construção

Descendente de Noé, Ninrode é descrito na bíblia como o primeiro grande rei poderoso na terra. De acordo com interpretações judaicas, como nos textos do historiador Flávio Josefo (37/38 d.C. - 100 d.C.), foi Ninrode o responsável por comissionar a construção da Torre de Babel como uma forma de desafiar Deus.

De acordo com o Josefo, Ninrode era um tirano que tentou afastar as pessoas de Deus, e por isso, Deus confundiu as pessoas, pois o dilúvio não foi suficiente para ensinar os homens a serem bons.

Babel era a capital da rica e poderosa Babilônia e a construção de templos piramidais era comum a estes povos, assim como aos sumérios e assírios. Estas construções eram chamadas de zigurates, realizadas com o objetivo dos cidadãos se aproximarem do céu e dos deuses. A Torre de Babel pode, portanto, ter sido uma destas construções religiosas da antiguidade.

Outro nome associado à edificação foi Nabucodonosor II, um dos maiores e mais lembrados imperadores do mundo antigo. Ele foi o rei mais poderoso da Babilônia e diversas histórias de conquistas e conflitos estão associadas ao seu nome. De acordo com a história, ele foi o responsável por comissionar a reconstrução da Torre de Babel.

O imperador Nabucodonosor II descreveu que um outro rei construiu o templo, mas que ele ficou inacabado. Em torno de 586 a.C., Nabucodonosor II conquistou Jerusalém, saqueando a cidade e levando os cidadãos mais habilidosos e inteligentes para Babilônia. Estes prisioneiros de guerra eram os judeus, que foram forçados a trabalhar para o rei. Foram eles que descreveram a Torre de Babel na bíblia.

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Pintura da Torre de Babel por Hans Bol (1534-1593)

Não é descrita na bíblia a altura da Torre de Babel, contudo, no Livro dos Jubileus, texto apócrifo (escrito por comunidades pré-cristãs) aponta para 2484 metros. Este dado não é sustentado aos olhos da ciência, pois uma torre com mais de 2 quilômetros de altura para aquela época seria pouco provável de ter existido. Já no III Baruque, texto judaico apocalíptico, é apontado que a torre possuía 212 metros.

Outra construção associada ao nome do poderoso rei Nabucodonososr II foram os Jardins Suspensos da Babilônia. Para saber mais sobre essa história, leia: Onde ficavam os Jardins Suspensos da Babilônia? Como eram?

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Pedra encontrada na região da Babilônia com inscrição do nome de Nabucodonosor II apresenta resquícios de betume, como apontado na bíblia. (Foto: Reprodução de vídeo/Smithsonianmag.com)

De acordo com o Dr. Irving Finkel, filólogo especialista em inscrições cuneiformes em tábuas de barro da antiga Mesopotâmia, uma histórica pedra encontrada na região da antiga Babilônia é uma evidência de que a Torre de Babel pode ter existido.

A pedra em questão possui resquícios de betume, que era uma substância utilizada como argamassa em tempos antigos. O Dr. Finkel apontou em reportagem para o canal educacional Smithsonian que na própria bíblia é revelado que foi utilizado pedras como tijolos e betume como argamassa naquela região.

Pedra encontrada pode revelar a existência da Torre de Babel

Uma outra pedra encontrada há cerca de um século na região do Iraque chamou a atenção de historiadores em anos recentes. Ela revela um desenho esculpido de como poderia ter sido a Torre de Babel: sete andares, escadarias e uma construção no topo que poderia ter sido utilizada para observatório e cerimônias religiosas.

A pedra traz ainda uma imponente figura humana que carrega um cajado e tem como ornamento um chapéu em formato de cone. Essa figura poderia ser o próprio rei Nabucodonosor II. O doutor Andrew George da Universidade de Londres acredita que as inscrições na pedra são uma clara evidência de que a história da Torre de Babel na bíblia foi inspirada pela construção revelada ali.

A pedra data do século 6 a.C. e revela também alguns dados escritos sobre a construção da torre. Nela, é descrita a mobilização de povos do mediterrâneo até o golfo persa para a construção deste edifício.

A destruição da Torre de Babel

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Ilustração da destruição da Torre de Babel. Gravura sem autor do ano de 1612.

Existem diversas histórias e mitos associadas à destruição da Torre de Babel. Alguns estudiosos, como o protestante francês Samuel Bochart, interpretam textos históricos que dizem que a estrutura sofreu com as chamas do céu como punição de Deus.

Outra teoria aponta que a torre foi derrubada por ventos. Em uma passagem de Eusébio de Cesareia, é relatado:

“...mas quando se aproximou dos céus, os ventos ajudaram os deuses, e derrubaram o trabalho sobre seus contratantes; e os deuses introduziram uma diversidade de línguas entre os homens que, até aquele momento, falavam o mesmo idioma".

O sábio rabino dos tempos antigos, Yochanan ben Zakai, descreveu a destruição em uma passagem, revelando:

“A torre era extremamente alta. A terceira parte afundou no chão, um segundo terço foi queimado, e o restante estava de pé até o tempo da destruição da Babilônia”.