O Rh nulo, conhecido popularmente como sangue dourado, é o tipo de sangue mais raro do mundo. Estima-se que apenas uma em cada 6 milhões de pessoas faz parte desse grupo sanguíneo. O que caracteriza o sangue dourado é a ausência total de antígenos Rh nos glóbulos vermelhos do sangue.
Isso, por um lado, pode ser positivo, já que uma pessoa com sangue dourado é doadora universal em relação ao sistema Rh. Portanto, o sangue dourado pode salvar vidas!
Por outro lado, possuidores dessa característica rara manifestam enorme rejeição na hora de receber sangue de outras pessoas. Se precisarem de uma transfusão, só poderão receber sangue Rh nulo. E como esse tipo de sangue é raríssimo, dá para imaginar o tamanho da dificuldade em encontrar possíveis doadores.
Rh nulo ou sangue dourado: o tipo sanguíneo mais raro do mundo
Casos de pessoas com sangue dourado são tão raros que quase dá para contar nos dedos o número de pessoas já identificadas com essa característica. Desde 1961, quando esse tipo sanguíneo foi descoberto numa mulher australiana, só foram conhecidos 43 casos de sangue Rh nulo. Por ser o tipo de sangue mais raro do mundo, foi apelidado de sangue de ouro.
O que caracteriza o sangue dourado?
Há 49 antígenos no grupo Rh, sendo o mais importante o RhD. Pessoas com o sangue dourado não possuem nenhum antígeno do sistema Rh, incluindo o RhD.
Mas agora você deve estar se perguntando: o que são antígenos? Antígenos são moléculas que cobrem as hemácias e que podem provocar tolerância ou reação imune ao "invasor". Já as hemácias (ou glóbulos vermelhos) são células do sangue cuja maior função é o transporte de oxigênio e gás carbônico.
O que causa o sangue dourado
A causa mais comum do sangue dourado é uma mutação genética que promove a alteração da proteína Rh nas hemácias. Estudos indicam que o casamento consanguíneo (ou seja, entre pessoas da mesma família) têm um papel importante no desenvolvimento do sangue Rh nulo.
Vantagem do sangue dourado
Como já adiantamos, o sangue dourado apresenta a vantagem de ser compatível com qualquer grupo sanguíneo, observando-se apenas o fator Rh. O sangue dourado não possui antígenos Rh que possam ser rejeitados por outro tipo de sangue. Mas o sistema ABO continua valendo e deve ser levado em conta em caso de transfusão.
Desvantagens do sangue dourado
Uma desvantagem já identificada por especialistas é o fato da pessoa com sangue dourado padecer de anemia crônica, que tem a ver com uma fragilidade das hemácias.
Outra desvantagem desse tipo sanguíneo tem a ver com o fato dele só se misturar com sangue do mesmo tipo. Isso não seria um mal em si caso o sangue dourado não fosse o mais raro do mundo.
Por isso é tão importante saber quem são e onde vivem os integrantes desse grupo pequeno e seleto de possíveis doadores. Além disso, convém que essas pessoas façam reservas de sangue, que podem ser usadas em transfusões futuras para si mesmas ou para outras pessoas.
Quantas pessoas têm o sangue dourado?
Segundo um relatório de 2018, produzido por pesquisadores iranianos do Instituto Superior de Pesquisa e Educação em Medicina de Transfusão, de Teerã, há atualmente 30 doadores identificados com sangue dourado em todo o mundo. O país com maior número de doadores é a China, com 5. No Brasil, há 4 pessoas, duas delas com sangue tipo A e duas com tipo O.
Alguns casos de pessoas com sangue dourado
Em 2018, pesquisadores iranianos do Instituto Superior de Pesquisa e Educação em Medicina de Transfusão, de Teerã, publicaram um caso de uma paciente de 43 anos com sangue dourado. Ela é filha de um casamento consanguíneo.
No Brasil, há o caso de uma menina curitibana, nascida em 2003, cujos avós eram primos. Descobriu-se mais tarde que a mãe e a tia da menina também possuíam sangue dourado.
Assim que nasceu, a menina curitibana foi diagnosticada com anemia hemolítica fetal, distúrbio que resulta na destruição das hemácias. Era preciso de transfusão de sangue urgente. Graças à cooperação entre médicos, uma mulher de Nova Iguaçu, possuidora de sangue dourado, foi contactada, e seu sangue pôde ser coletado.
Para entender melhor os tipos sanguíneos
Há mais de 100 anos o médico austríaco Karl Landsteiner (1868-1943), vencedor do Nobel de Medicina de 1930, conseguiu provar que existem tipos de sangue diferentes. Essa descoberta partiu da constatação de que nem todo sangue se mistura.
Sistema ABO
A partir de experimentos, Landsteiner criou a classificação dos grupos sanguíneos que conhecemos hoje: os tipos A, B, O e AB. O critério para essa classificação é a presença ou não de certos antígenos nas hemácias.
Assim, temos os seguintes tipos sanguíneos do sistema ABO:
- Tipo A: o sangue possui o antígeno aglutinogênio A.
- Tipo B: o sangue possui o antígeno aglutinogênio B.
- Tipo AB: o sangue possui os antígenos de A e B.
- Tipo O: o sangue não possui nenhum dos dois antígenos.
Se a pessoa for do grupo B, por exemplo, ela possui anticorpos contra o antígeno A. Portanto, ela não poderá receber sangue do tipo A.
Fator Rh
Após a descoberta do sistema ABO, Landsteiner notou que havia casos de incompatibilidade sanguínea mesmo entre pessoas com sangue do mesmo tipo. É aí que entra o fator Rh.
O mais importante antígeno do sistema Rh é o RhD. A presença ou ausência desse antígeno na membrana das hemácias determina se o sangue é positivo ou negativo. A grande maioria da população (cerca de 85%) tem Rh positivo.
Com isso, criou-se uma nova classificação, e bem mais completa, dos grupos sanguíneos:
- Tipo A+: grupo A com Rh positivo.
- Tipo A-: grupo A com Rh negativo.
- Tipo B+: grupo B com Rh positivo.
- Tipo B-: grupo B com Rh negativo.
- Tipo AB+: grupo AB com Rh positivo.
- Tipo AB-: grupo AB com Rh negativo.
- Tipo O+: grupo O com Rh positivo.
- Tipo O-: grupo O com Rh negativo.
O tipo O- é considerado doador universal. Cerca de 9% da população brasileira fazem parte desse grupo. Já o sangue tipo AB+ é o receptor universal. Menos de 3% dos brasileiros possuem esse tipo de sangue. A grande maioria da população faz parte dos grupos O e A, geralmente com Rh positivo.
Gostou desse conteúdo? Então experimente ler este também:
