20 animais em extinção no mundo e por que o homem é responsável por isso


Justamente pelo fato de nós, seres humanos, estarmos aqui e vivermos da forma como vivemos, cerca de 1 milhão de espécies de seres vivos (entre animais e plantas) encontra-se ameaçada de extinção, de acordo com relatório produzido pela ONU em 2019.

Vejamos algumas das espécies de animais no mundo que se encontram criticamente ameaçadas de extinção, de acordo com a Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza):

1. Tartaruga-ploughshare

Astrochelys yniphora

A ploughshare é a tartaruga mais rara do mundo, com uma população estimada de apenas 400 indivíduos. A Astrochelys yniphora (nome científico) vive apenas nas florestas secas da ilha de Madagascar.

A tendência populacional da tartaruga-ploughshare é de declínio. Isso significa que há cada vez menos tartarugas-plougshare no mundo, apesar dos esforços de procriação em cativeiro realizados nos últimos anos. Se as queimadas e a captura ilegal não forem contidas, essa espécie pode desaparecer nos próximos 40 anos.

2. Rã-do-titicaca

rã do tititaca

A rã-do-titicaca (Telmatobius culeus), como o próprio nome já diz, é uma espécie que vive no lago Titicaca, localizado na Cordilheira dos Andes, na fronteira do Peru com a Bolívia. Essas rãs são totalmente aquáticas e sobem poucas vezes à superfície para respirar. Na maior parte do tempo elas ficam no fundo do lago, a profundidades que podem chegar a 281 metros.

Vários fatores põem em risco a existência dessa espécie, entre os quais a poluição da água, a caça (que é ilegal) e a introdução no lago Titicaca de uma espécie de truta que se alimenta das larvas dessas rãs.

3. Tartaruga-verde

Chelonia midas

Essas belíssimas tartarugas marinhas (Chelonia mydas) são cosmopolitas - ou seja, nadam nas águas tropicais e subtropicais de várias partes do globo. Elas têm preferência por áreas rasas e próximas à costa. As tartarugas fêmeas depositam seus ovos em praias de mais de 140 países.

A maior ameaça a essa espécie se dá justamente nas praias de nidificação (onde as mães põem seus ovos). A coleta de ovos e a captura de animais nas praias são ameaças consideráveis, ao lado da degradação das praias e da poluição das águas do mar.

4. Pato-mergulhão

Mergus octosetaceus

O pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) vive nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, podendo ser encontrado na Argentina e até no Paraguai. Hoje em dia, seu reduto é o Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Essa ave habita áreas úmidas, geralmente próximas a rios e córregos rasos.

Fora dos parques nacionais, o que mais ameaça essa espécie é a perda de habitat devido ao desmatamento. O turismo e a poluição são outras ameaças. Estima-se que haja atualmente entre 50 e 250 indivíduos da espécie.

5. Soldadinho-do-araripe

Antilophia bokermanni

Descoberto pela ciência só em 1998, o soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni) é hoje uma das aves brasileiras que mais sofrem com a interferência humana em seu habitat. Acabou se tornando símbolo da Chapada do Araripe (entre Piauí, Ceará e Pernambuco), o único local onde essa ave pode ser encontrada.

Estima-se que sua população não ultrapasse os 700 indivíduos. E se não cessarem o desmatamento e a degradação de mananciais é provável que essa espécie desapareça nos próximos anos.

Leia também: Animais em extinção no Brasil: por que estas 30 espécies podem desaparecer?

6. Abutre-de-rabadilha-branca

Gyps africanus

O abutre-de-rabadilha-branca (Gyps africanus) pode ser visto em diversas regiões da África, em países do Leste, Oeste, Centro e Sul do continente. Trata-se de uma espécie que vive nas savanas.

Uma das maiores ameaças a essa e outras espécies de abutres africanos é a perda do habitat, em grande parte transformado em pastagens. A caça e o envenenamento acidental (por pesticidas) contribuem para levar essa espécie ao desaparecimento. Se nada for feito, o abutre-de-rabadilha-branca pode sumir na década de 2040.

7. Adax

Addax nasomaculatus

O belíssimo Adax (Addax nasomaculatus) antes vivia em várias partes do Centro e do Oeste da África, mas hoje, devido à diminuição da população, só pode ser encontrado nas regiões extremamente áridas do Níger e do Chade. Sim, quando falamos em regiões áridas, estamos nos referindo às savanas e ao deserto do Saara.

Por ser um animal lento, o Adax é presa fácil de caçadores. Além disso, a seca e a desertificação de savanas, provocadas pelas mudanças climáticas, têm posto em risco a sobrevivência dessa espécie.

8. Vaquita

Phocoena sinus

Essa espécie de toninha conhecida como vaquita (Phocoena sinus) vive exclusivamente nas águas costeiras e rasas do extremo norte do Golfo da Califórnia. Esses animais são solitários, mas podem ser avistados nadando em pequenos grupos. Eles medem em torno de 1,5 m de comprimento.

Além da poluição das águas, a pesca é uma enorme ameaça às vaquitas, que muitas vezes ficam presas nas redes usadas para pescar camarão. Estima-se que atualmente haja apenas 18 indivíduos da espécie.

9. Crocodilo-filipino

Crocodylus mindorensis

Antigamente, o crocodilo-filipino (Crocodylus mindorensis) podia ser avistado em todas as ilhas filipinas. Hoje, porém, sobretudo devido à caça e à perda de habitat, essa espécie só é encontrada nos córregos e pântanos de duas ilhas do arquipélago: Luzon e Mindanao.

Apesar das tentativas de preservação e reintrodução de indivíduos no meio ambiente, a tendência populacional é de declínio. Hoje, estima-se que existam entre 92 e 137 indivíduos.

10. Pangasius-gigante

Giant pangasius

O pangasius-gigante (Pangasius sanitwongsei) habita os grandes rios cercados por florestas tropicais: o Chao Phraya (Tailândia) e Mekong (Vietnã, Camboja, Tailândia e Laos). O adjetivo "gigante" não é à toa: esse bagre pode atingir 2,5 m e pesar até 300 kg!

São ameaças ao pangasius a pesca excessiva e a degradação do habitat. A construção de barragens e obras de melhoria da navegação acabaram afetando o comportamento migratório dessa espécie, que corre sérios riscos de desaparecer.

11. Pinstripe-damba

paretroplus menerambo

Às vezes ocorre dos cientistas julgarem uma espécie extinta. Mas aí alguém descobre que, felizmente, ainda existem alguns indivíduos dessa espécie, bravos sobreviventes, num ponto qualquer do planeta. Foi o que aconteceu com o pinstripe-damba (Paretroplus menarambo). Considerado extinto na natureza em 2004, foi descoberta recentemente uma pequena população desse peixe no lago Tseny, no norte de Madagascar.

Não se sabe ao certo quantos indivíduos restaram. Mas os que restaram não levam uma vida fácil. Além da pesca excessiva, outra ameaça importante ao pinstripe-damba vêm da competição com espécies não nativas introduzidas pelo homem no lago Tseny, como o peixe-cabeça-de-cobra e a tilápia.

12. Hirola

Beatragus hunteri

Desde 1996, a IUCN classifica essa espécie de antílope na categoria criticamente em perigo. E de lá para cá a situação só piorou. Nos últimos 16 anos, a população de hirola (Beatragus hunteri) foi reduzida em 80%, restando menos de 250 indivíduos que hoje vivem nas savanas da Reserva Nacional Arawale, no sudeste do Quênia.

Antigamente, essa espécie ocupava grandes territórios no Quênia e na Somália. Mas em razão de alguns fatores como a caça excessiva, a seca, a perda de habitat para pastagens e a chegada de novas doenças as populações de hirola foram diminuindo drasticamente.

13. Kaluga

Huso dauricus

Esse esturjão meio mal encarado é um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo atingir mais de 5 metros de comprimento e pesar até 1 tonelada. O kaluga (Huso dauricus) vive na bacia do rio Amur, que banha a Rússia e a China, e devido sobretudo à pesca excessiva sua população vem diminuindo desde o final do século XIX.

Ao longo do século XX, 80% dos kalugas desapareceram das águas do Amur. Além da pesca predatória, outro fator que contribui com esse cenário crítico é a poluição.

14. Burro-selvagem-africano

Equus africanus

O Equus africanus é o ancestral selvagem dos burros domesticados que vivem em todo o mundo. Trata-se de um animal super resistente, capaz de suportar grandes períodos de seca com resiliência. Porém, toda essa resiliência não é o bastante para superar a ameaça humana.

A caça é o maior fator de risco para essa espécie, cuja população hoje se restringe a uma pequena região árida da Eritreia e da Etiópia, na África. Estima-se que haja, atualmente, não mais de 200 indivíduos de Equus africanus. E é triste pensar que esse número não para de cair.

15. Rinoceronte-de-sumatra

Dicerorhinus sumatrensis

Das cinco espécies de rinocerontes que existem, a Dicerorhinus sumatrensis é a menor, podendo medir no máximo 1,5 m de altura e pesar entre 800 kg e duas toneladas. O "pequeno" rinoceronte-de-sumatra vive em diversos tipos de habitat: florestas densas, pântanos e montanhas. Sua população restante (cerca de 250 indivíduos) vive atualmente em dois países: Indonésia e Malásia.

Apesar de proibida, a caça ainda é uma ameaça a essa espécie de rinoceronte, que também sofre com a perda de habitat provocada pela conversão de florestas em pastagens.

16. Visão-europeu

Mustela lutreola

O visão-europeu ou doninha-europeia (Mustela lutreola) é um pequeno animal (tem no máximo 38 cm de comprimento) que vive às margens de rios e córregos na Europa, em países como Espanha, França, Ucrânia e Rússia.

Só no século XXI, acredita-se que metade da população do mustela lutreola tenha sido dizimada, sobretudo em virtude da caça (a pele do visão tem valor comercial), da poluição e de obras de infraestrutura (hidrelétricas, por exemplo), que degradam o habitat da espécie.

17. Kakapo

Strigops habroptila

Essa exuberante espécie de papagaio conhecida como kakapo (Strigops habroptila) antes se espalhava por boa parte das ilhas da Nova Zelândia. Hoje o kakapo só pode ser encontrado em três ilhas, entre as quais a Codfish, onde fica a Reserva Natural Whenua Hou.

Além da caça e da destruição do habitat pelo homem, outra ameaça é a introdução pelo homem de uma espécie não nativa, o rato-do-pacífico, predador do kakapo. Restaram somente 149 indivíduos. A boa notícia é que os esforços de conservação (em especial, a manutenção de uma estação de criação) têm surtido efeito. A população de kakapo, apesar de seriamente ameaçada, está aumentando pouco a pouco.

18. Tarântula-azul-metalizada

Poecilotheria metallica

Essa incrível espécie de aranha, conhecida como tarântula-azul-metalizada ou tarântula-pavão (Poecilotheria metallica) vive numa área relativamente pequena, nos montes Nallamala, no estado indiano de Andhra Pradesh. Sua aparição é extremamente rara, e não se sabe ao certo quantos indivíduos estão vivos hoje em dia.

Dois fatores contribuem para seu possível desaparecimento num futuro próximo: o contrabando (já que essa aranha é considerada uma espécie exótica por criadores) e a perda de habitat.

19. Macaca-nigra

Macaca nigra

A macaca-nigra (Macaca nigra), que vive nas florestas tropicais do nordeste da ilha Sulawesi, na Indonésia, encontra-se entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas de todo o mundo. Há também uma população introduzida nas ilhas Molucas.

Nas últimas três décadas, a população de macacas-nigras diminuiu cerca de 75%. Os maiores problemas para essa espécie são a caça e a destruição do habitat. Se nada for feito, prevê-se a extinção da espécie até 2050.

20. Tartaruga-do-pântano

Glyptemys muhlenbergii

As Glyptemys muhlenbergii, mais conhecidas como tartarugas-do-pântano, ocorrem de forma fragmentada na região Leste dos EUA, em estados como Nova York, Massachussetts, Virgínia e Carolina do Norte. Como seu nome já sugere, essa espécie habita áreas úmidas, formadas por riachos, pântanos e brejos.

Essa espécie já foi extremamente abundante nos EUA, mas sua população diminuiu muito devido à ocupação do território pelos seres humanos. A drenagem de brejos, o crescimento urbano (que promove perda e fragmentação do habitat) e a caça constituem as principais ameaças a essa espécie de tartaruga.

Por que os seres humanos são os grandes vilões dessa história?

Vivemos em cidades que não param de crescer. Desmatamos florestas para criar gado. Poluímos os rios. Produzimos muito lixo. Diversas ações acabam fazendo de nós, seres humanos, os grandes vilões dessa história.

Segundo Elizabeth Kolbert, autora do best-seller A Sexta Extinção: Uma História Não Natural, atualmente "o asteroide somos nós" - referência ao evento que levou ao desaparecimento dos dinossauros, há 65 milhões de anos. O livro em que ela faz essa afirmação bombástica lhe rendeu o principal prêmio de jornalismo do mundo, o Pulitzer.

Balaenoptera musculus
Hoje em dia existem cerca de 10 mil indivíduos da baleia-azul, que está ameaçada de extinção.

Desde a primeira extinção em massa, ocorrida há 450 milhões de anos, passando pela mais recente (que fez desaparecer os dinossauros), jamais uma espécie havia sido a responsável por isso. Até chegar o homo sapiens sapiens.

Terrível, não é mesmo? Vamos ver então quais são as principais ações humanas que estão pondo em risco a existência de tantas espécies.

1. Mudanças climáticas

Você já deve ter ouvido falar dos gases de efeito estufa. O principal deles é o que resulta da queima de combustíveis fósseis. Sim, estamos falando da fumaça que sai das chaminés das fábricas e dos escapamentos dos carros. Os gases de efeito estufa são os grandes responsáveis pelo aumento da temperatura média da Terra.

urso polar
Devido sobretudo às mudanças climáticas, o urso-polar encontra-se em situação vulnerável.

Do final do século XIX até hoje, a temperatura média global subiu 0,85ºC. Pode parecer pouco, mas não é. Isso já é o suficiente para fazer derreter as calotas polares e aumentar o nível dos oceanos. Ursos polares e tartarugas marinhas são duas das muitas espécies afetadas por esse desequilíbrio provocado pelo homem.

2. Perda e fragmentação de habitats naturais

Esse é outro grande problema causado pelos seres humanos. Com o crescimento populacional, as cidades crescem, ocupando áreas antes inexploradas. É só ver o que aconteceu com a Mata Atlântica no Brasil. A ocupação da zona costeira brasileira fez reduzir esse bioma para 7% de seu tamanho original.

desmatamento na Amazônia
Desmatamento ilegal na terra indígena Pirititi, na Amazônia.

Nosso estilo de vida insustentável e o crescimento de áreas de plantações e pastagens são outros fatores que explicam o desmatamento e a perda dos habitats naturais de várias espécies. Sem ter onde nem como viver, animais e plantas desaparecem da noite para o dia.

3. Exploração de recursos naturais

Não vivemos sem os vegetais. Não vivemos sem água. Dependemos dos mais diversos recursos naturais para sobreviver. O problema é que, devido ao nosso estilo de vida, consumimos muito mais recursos do que deveríamos, superando a capacidade de regeneração do planeta.

A exploração desenfreada de recursos naturais tem impacto negativo na fauna e na flora, destruindo os habitats de inúmeras espécies e podendo levá-las ao desaparecimento.

Leia também: Dia da Sobrecarga da Terra: o que é e como podemos revertê-lo

4. Poluição

A poluição faz um mal enorme para o meio ambiente. Nós, causadores dessa poluição, somos afetados diariamente pela má qualidade do ar que respiramos e até da água que consumimos. Mas os seres humanos não são os únicos afetados.

peixe boi marinho
Encontrado sobretudo no Caribe, o peixe-boi-marinho está em situação vulnerável.

O peixe-boi-marinho é um dos que sofrem com o nosso descaso. Antigamente, a maior ameaça a essa espécie era a caça. Hoje, é a poluição das águas.

5. Caça e pesca predatórias

tigre de java
Infelizmente, hoje o tigre-de-java só pode ser visto em fotos em preto e branco.

Já levamos algumas espécies ao desaparecimento pela caça, como o pássaro-dodô, que vivia nas Ilhas Maurício, e o belíssimo tigre-de-java, que habitava a Ilha de Java, na Indonésia.

A lista é grande: o rinoceronte-negro-africano (declarado extinto em 2011), o pombo-passageiro (extinto em 1914) e a vaca-marinha-de-steller (extinta no século XVIII).

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