Buracos negros: veja algumas das recentes descobertas da ciência sobre esse fenômeno


Buracos negros são regiões no espaço onde a força gravitacional é tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar de sua atração. Até onde sabemos, tudo que atravessa seu limite, chamado de horizonte de eventos, é engolido para sempre.

Apesar da primeira menção a um corpo maciço de onde nada pode escapar ter sido feita no século XVIII, por John Michell, ainda hoje existem muitas questões não respondidas sobre esse fenômeno.

Como ele realmente é? O que acontece quando algo entra nele? Há uma saída? Cientistas ainda tentam achar respostas para essas e outras perguntas, e pouco a pouco vão decifrando os mistérios sobre esse fenômeno.

Veja então algumas das mais recentes descobertas sobre os buracos negros.

A primeira foto de um buraco negro

Primeira foto de um buraco negro
Primeira fotografia de um buraco negro, registrada pelo
Event Horizon Telescope. (Foto: Horizon Telescope Collaboration, via National Science Foundation)

No dia 10 de abril de 2019, foi revelada a primeira foto de um buraco negro, localizado na galáxia Messier 87 (M87), a cerca de 54 milhões de anos-luz da Terra.

Apesar dos muitos estudos sobre buracos negros, a ciência nunca havia sido capaz de registrar uma foto deste evento. E a razão para essa dificuldade é: buracos negros são invisíveis.

A força da sua gravidade é tão forte que nada pode escapar dela, nem mesmo a luz ou radiações eletromagnéticas. Deste modo, raios-x, ondas de rádio ou infravermelho, que seriam usados para detectar o objeto, são engolidas por ele.

Mas apesar da incapacidade de se avistar o interior de um buraco negro, os cientistas conseguiram registrar uma foto da sua entrada, chamada de Horizonte de Eventos.

Para a realização da fotografia, foi utilizada uma rede global de radiotelescópios, conhecidos coletivamente como Event Horizon Telescope (EHT). Esses telescópios estão localizados no Chile, México, Espanha, Havaí, Arizona e Antártica, e eram usados em testes desde 2017.

Também foi necessário um algoritmo especial, para que os astrônomos conseguissem coletar os dados necessários para o registro da primeira foto de um buraco negro. Esse algoritmo foi criado em 2016, pela pesquisadora Katie Bouman, enquanto ela ainda era uma estudante de pós-graduação no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Após essa coleta, foi preciso 2 anos de análise e combinações do material, até que a foto ficasse pronta.

O resultado final foi de acordo com as previsões que os cientistas tinham sobre esse evento. E esse foi apenas o primeiro experimento com o EHT no registro de buracos negros, sendo que outras observações foram realizadas em abril de 2018 e estão em processo de análise.

O nascimento de um buraco negro

nascimento de um buraco negro

Em junho de 2018, os telescópios gêmeos ATLAS registraram um brilho fora do normal, a cerca de 200 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Hércules.

O fenômeno foi batizado com o nome de AT2018cow, e atraiu a atenção da comunidade científica.

Uma análise realizada pela equipe liderada por Raffaella Margutti, da Universidade do Noroeste, nos EUA, especulou que este brilho poderia ter vindo do nascimento de um buraco negro.

Teoricamente, os buracos negros, assim como as estrelas de nêutrons, seriam resultado de uma supernova (a explosão que ocorre quando uma estrela morre). Mas para isso, seria necessário a morte de uma estrela extremamente maciça, com mais de 3 vezes a massa do sol.

O objeto registrado pelo ATLAS apresentou um brilho de 10 a 100 vezes maior que o visto em uma supernova, dando indícios que, pela primeira vez na história, o nascimento de um buraco negro teria sido registrado.

Estudos posteriores, realizados com outros telescópios, reforçaram a ideia de que o evento realmente teria sido o exato momento em que uma estrela colapsou, se transformando em um buraco negro.

O AT2018cow passou a ser conhecido como The Cow (a vaca, em português), por causa da coincidência entre os caracteres aleatórios usados em seu nome.

Foram descobertos 10 mil buracos negros no centro da Via Láctea

buraco-negro-supermassivo

Uma pesquisa recente mostrou que existem milhares de buracos negros escondidos no centro da nossa galáxia.

No centro da Via Láctea, existe um buraco negro supermassivo que contém cerca de 4 milhões de vezes a massa do Sol, o Sagittarius A*. Embora cientistas suspeitassem que em torno dele pudessem existir outros buracos negros menores, eles eram muito difíceis de se detectar.

Porém, uma pesquisa recente começou a buscar por raios-x emitidos por esses buracos negros menores, na hora que eles capturavam estrelas que passavam em seu domínio gravitacional.

O estudo encontrou evidências de 300 a 500 desses buracos negros, e a partir deste número, conseguiram calcular quantos buracos negros deveriam existir em todo o núcleo da galáxia, chegando ao número de 10 mil.

A dança entre dois buracos negros supermassivos

buracos negros binários

Cientistas descobriram evidências de buracos negros supermassivos se fundindo no espaço. Os estudos identificaram uma série de buracos negros supermassivos duplos, antes de se fundirem em um só.

Segundo os cientistas, antes de se unirem, esses buracos negros orbitam um ao outro, se atraindo e absorvendo estrelas menores ao redor, no que se assemelha a uma dança entre dois buracos negros.

No momento de sua fusão, eles enviariam ondas de choque por todo o universo. E foi por meio do mapeamento desses jatos lançados em direção à Terra, que os cientistas conseguiram encontrar sinais que sugerem que existam buracos negros próximos uns dos outros.

Essa observação parece confirmar uma teoria sobre o desenvolvimento do universo, que explica que a fusão de buracos negros seria responsável por criar novas galáxias e buracos negros ainda maiores.

Apesar dos cientistas detectarem evidências de pequenos buracos negros colidindo desde 2015, ainda não existiam provas da fusão de buracos negros supermassivos.

Um buraco negro gigante pode estar circulando pela Via Láctea

Estudos do Observatório Astronômico Nacional do Japão (OANJ) descobriu evidências de que um buraco negro do tamanho do planeta Júpiter pode estar vagando pela Via Láctea.

Esse buraco negro estaria a cerca de 20 anos-luz da Terra, e teria uma massa equivalente ao de 32 mil sóis. O Buraco negro foi registrado pelo radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array).

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