Quais são as camadas da Terra e como sabemos que elas são assim


A estrutura interna da Terra tem três camadas: a crosta, o manto (dividido em superior e inferior) e o núcleo. Cada uma dessas camadas tem suas características próprias. O núcleo, por exemplo, tem uma parte líquida e outra sólida, ambas compostas por ferro e níquel. Lá no núcleo as temperaturas podem chegar a 5.000ºC.

camadas da Terra

O furo de sondagem mais profundo que o ser humano já conseguiu fazer tem "apenas" 12 km. Se o núcleo terrestre está a quase 3 mil km de profundidade, isso significa que só percorremos 0,4% do caminho... Mesmo assim, graças a estudos indiretos no campo da Geofísica, possuímos hoje muitas informações sobre o que se passa embaixo dos nossos pés.

O raio da Terra (ou seja, a distância da superfície até o centro do núcleo) tem cerca de 6.378 km. Como a Terra não é uma esfera perfeita, nos polos a distância é um pouco menor: 6.357 km. Seja como for, a distância de onde estamos agora até o núcleo é bastante longa, comparável à distância entre Salvador e Lisboa. Longe, não é mesmo?

Se fosse possível imitar a ficção e fazer uma viagem ao centro da Terra, encontraríamos camadas bastante heterogêneas na sua extensão, estado físico e composição. Vejamos quais são essas camadas.

1. Crosta

A crosta é a camada superficial da Terra. É a porção da estrutura terrestre sobre a qual nós todos estamos agora. Ela é dividida em duas partes: a crosta continental e a crosta oceânica. A espessura da crosta varia. Nos continentes, ela tem em média 40 km. Já nos oceanos, 7 km. Das três camadas da Terra, a crosta é a mais fina, podendo ser comparada à casca de uma cebola.

A crosta é composta por minerais, em especial os silicatos. Sua parte continental é mais rica em alumínio e sílica. Já a parte oceânica é mais rica em ferro e magnésio. O mineral mais comum na crosta é o quartzo.

O que a crosta tem a ver com os terremotos?

Mas, diferentemente da casca de uma cebola, a crosta não é inteiriça, mas sim dividida em fragmentos. Já ouviu falar das placas tectônicas? A crosta é formada por 52 placas tectônicas, que flutuam sobre a camada superior do manto, chamada astenosfera. É a movimentação das placas tectônicas que dá origem aos terremotos.

2. Manto

Com 2.950 km, o manto é a camada mais espessa da Terra. De um modo geral, ele é formado por material rochoso (rico em magnésio e ferro) que, em virtude das elevadas temperaturas, se encontra em estado pastoso.

Subdivisões do manto em superior e inferior

O manto não é homogêneo. Sua parte superior tem consistência parecida com a da crosta. Juntamente com a crosta, essa parte superior do manto forma uma camada rígida chamada litosfera. Mais abaixo, encontra-se a astenosfera, caracterizada por seu estado pastoso (mas não líquido) e por ter uma temperatura mais alta (até 870ºC).

A parte inferior do manto é ainda mais quente, podendo chegar a 3.500ºC próximo do núcleo. Seu estado é semissólido.

O que o manto tem a ver com os vulcões?

Alguns pontos do manto são especialmente mais quentes. Em inglês, esses pontos recebem o nome de hot spots. De tão quente, o material do manto pressiona a crosta. Quando a crosta cede, origina-se um vulcão, que expele o material que está no manto: o magma (rocha derretida).

3. Núcleo

De todas as camadas da estrutura terrestre, esta é a mais distante e a mais desconhecida. A Descontinuidade de Gutenberg, que separa o núcleo do manto, fica 2.890 km abaixo de nossos pés - quase a mesma distância que separa as cidades de São Paulo e João Pessoa.

Devido a esse caráter mais misterioso, não há certezas sobre o que se passa lá no núcleo. Os cientistas acreditam que ele seja formado por duas partes, sendo a parte externa líquida e a interna sólida (devido à elevadíssima pressão). A composição das duas partes parece ser a mesma: os metais ferro e níquel.

O núcleo é a camada mais densa da Terra. Ele tem 1.250 km de espessura e no seu interior a temperatura gira em torno dos 5.000ºC, comparável à temperatura da superfície do Sol (5.505ºC).

Mas como os cientistas sabem como é a estrutura interna da Terra?

Os cientistas se utilizam de alguns métodos para estudar o interior do nosso planeta, com destaque para o estudo das ondas sísmicas (Sismologia) e do estudo dos meteoritos (Meteorítica).

1. Estudo das ondas sísmicas (Sismologia)

Terremotos liberam energia, produzindo ondas sísmicas - movimentos vibratórios que se propagam no interior da Terra. Apesar de seus efeitos catastróficos, os terremotos nos ajudam a entender o que se passa dentro do nosso planeta, já que é possível medir essas ondas que eles produzem. Grandes explosões também podem gerar ondas sísmicas.

A trajetória e a velocidade de propagação de uma onda sísmica variam de acordo com as características do meio. Isso quer dizer que em meio sólido a onda se propaga de um jeito, em meio líquido de outro, sob alta pressão de outro, e assim por adiante.

Um exemplo: a mais ou menos 100 km de profundidade sabemos que o material é menos rígido (ou parcialmente fundido) porque nesse trecho as ondas sísmicas se propagam a uma velocidade menor do que na crosta, que é mais rígida. Via de regra, ondas sísmicas se propagam mais rapidamente em meios sólidos.

2. Estudo dos meteoritos

Pode soar estranha a afirmação de que os meteoritos nos ajudam a entender o que ocorre no centro da Terra. Afinal, os meteoritos são fragmentos de corpos sólidos que vêm de um cinturão de asteroides localizado a muitos e muitos quilômetros daqui. Apesar de sua origem distante, esses fragmentos extraterrestres contêm informações preciosas sobre a origem e a constituição do nosso planeta.

E por que os meteoritos são importantes? Porque eles trazem em si informações sobre a constituição desses corpos dos quais eles fizeram parte um dia. Em suma, eles são representantes desses corpos (asteroides, por exemplo).

Como alguns desses corpos passaram por um processo de evolução semelhante ao da Terra, é possível promover um estudo indireto da Terra por meio da análise desses fragmentos que chegam do espaço.

Referências:

TOLEDO, Maria Cristina Motta de. "Estrutura Interna da Terra". In: Licenciatura em Ciências - USP/UNIVESP - Módulo 2.

BRANCO, Pércio de Moraes. "Estrutura Interna da Terra". Serviço Geológico do Brasil - CPRM. 04/05/15. Disponível em: cprm.gov.br.

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