Um dos símbolos mais famosos do mundo, conhecido internacionalmente como símbolo da paz, foi criado em 1958 pelo artista plástico e designer britânico Gerald Holtom (1914-1985). O desenho serviu de logo para o Comitê de Ação Direta Contra a Guerra Nuclear, antiga organização pacifista que existiu entre 1957 e 1961.
O símbolo da paz foi usado pela primeira vez na primeira grande marcha antinuclear de Londres a Aldermaston, cidade onde se desenvolve até hoje o programa de armas nucleares do Reino Unido.
Ao longo dos anos 60, houve outras edições da Marcha de Aldermaston. E o desenho de Holtom acabou se consolidando como símbolo da Campanha pelo Desarmamento Nuclear (CND, na sigla em inglês).
O emblema também é chamado de símbolo CND ou Ban the Bomb (Proíba a Bomba).
Além dos hippies, outros grupos adotaram o logotipo da CND como emblema, com algumas alterações. Por exemplo, os adeptos do gênero musical reggae e o tradicional bloco-afro de Carnaval Olodum.
Significado do símbolo da paz
Segundo Holtom, o símbolo contém as letras D (Desarmamento) e N (Nuclear) em código semafórico, que é um sistema de comunicação internacional baseado na movimentação de duas bandeiras.
Para começo de conversa, imagine uma pessoa segurando duas bandeirinhas, que podem estar direcionadas para baixo, para cima, na diagonal, na horizontal... Cada posição define um tipo de letra do alfabeto. Assim, para formar a letra D, uma bandeira é direcionada para cima e outra para baixo, ambas na vertical (como na imagem abaixo):
E para formar a letra N, as duas bandeiras são direcionadas para baixo, ambas na diagonal (como podemos ver claramente na imagem a seguir):
Segunda explicação: o desespero do camponês do quadro de Goya
Em outra ocasião, Holtom acrescentou outra informação importante sobre a origem do símbolo da paz: ele seria uma imitação de uma personagem de um famoso quadro do pintor espanhol Francisco de Goya.
Vejamos o que ele disse, certa vez, à revista britânica Peace News:
Eu estava em desespero. Desespero profundo. Eu me desenhei: o representante de um indivíduo em desespero, com as mãos estendidas para fora e para baixo, à maneira do camponês de Goya diante do pelotão de fuzilamento. Eu formalizei o desenho em uma linha e coloquei um círculo em volta dele.
O camponês de Goya a que Holtom se refere é a personagem principal do quadro Três de Maio de 1808 em Madri, que retrata a repressão ocorrida em Madri após levantes populares contra as invasões napoleônicas na Espanha.
Mas, se olharmos bem, há um erro na fala de Holtom, já que na pintura os braços estão estendidos para cima, não para baixo.
Será que Holtom, na verdade, se baseou na posição das pernas do camponês? Ele está ajoelhado, com as pernas levemente afastadas, tal como no símbolo da paz... Ou será que Holtom se enganou em relação à personagem? O corpo do camponês morto, em primeiro plano, tem um formato bem parecido com o logotipo da CND.
Seja como for, a mensagem é bastante clara: o horror diante da violência das armas, sejam elas fuzis ou bombas nucleares.
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Outros símbolos da paz
Além do logotipo da Campanha do Desarmamento Nuclear, outros símbolos são utilizados para representar a paz. Vejamos os mais conhecidos.
Símbolo da Paz e Amor com os dedos
Outro sinal adotado pelos hippies e adeptos da contracultura nos anos 60 é um gesto que todos conhecemos. Ele é feito com os dedos indicador e médio separados e levantados. Os demais dedos ficam recolhidos, e a palma da mão deve se voltar para fora. O que ele significa? Paz e amor, bicho!
Antes dos hippies popularizarem esse gesto, mundialmente conhecido e geralmente usado em protestos pacifistas, ele já era utilizado para celebrar conquistas em conflitos armados. Isso mostra como o mesmo símbolo, dependendo do contexto, pode assumir significados bem diferentes.
É que o gesto também forma a letra "V" com a qual se inicia a palavra vitória em diversos idiomas, como o inglês, o francês, o espanhol e o português.
O "V" da vitória ficou famoso durante a II Guerra Mundial, período em que foi empregado com frequência pelo estadista britânico Winston Churchill (1874-1965) para comemorar êxitos militares das tropas aliadas.
Cor branca
A cor branca possui muitos significados, que variam de acordo com o tempo e a cultura.
Se repararmos bem, ela nem sempre simboliza a paz. No Oriente, o branco tradicionalmente simboliza o luto e a morte. Na Europa foi assim durante um longo tempo, sobretudo no reino da França. Para os astecas, o branco também tinha esse significado: era a cor associada ao Oeste (onde o Sol se põe), e portanto à entrada no invisível.
Mas nas culturas ocidentais costumamos associar o branco à paz e à pureza (é a cor do vestido das noivas e da roupa dos comungantes no catolicismo). Entre os celtas, o branco era a cor dos druidas (a classe dos sacerdotes).
A bandeira branca é um símbolo de trégua mundialmente reconhecido. A regulamentação de conflitos armados data do século XIX, com a 1ª Convenção de Genebra (1864). Nas guerras, a bandeira branca não significa necessariamente paz duradoura, mas um sinal, emitido por um dos exércitos, para que o conflito seja interrompido.
Pomba branca
Na cultura judaico-cristã, a pomba simboliza a pureza, a harmonia, a esperança e a paz. No Antigo Testamento, a pomba branca transportando em seu bico um ramo de oliveira é quem vem anunciar o fim do dilúvio. Assim, tornou-se a mensageira da paz e do perdão. Ao voltar com o ramo de oliveira no bico, sinalizava a Noé a descoberta de terra e o declínio da ira de Deus.
Depois soltou novamente a pomba, que voltou para junto dele, à tarde, trazendo no bico uma folha verde de oliveira (Gênesis 8:11).
Já no Novo Testamento, a pomba branca é o Espírito Santo. Sua brancura representa a pureza de Deus. É apresentada, nos profetas Ezequiel e Jeremias, como um sopro vindo de Deus para que os seres humanos participem da santidade divina.
No Novo Testamento, há algumas referências à pomba como o Espírito Santo. Uma delas é a passagem em que Jesus é batizado por João Batista. A pomba sinalizava que ele era o salvador prometido.
O Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba (Lucas 3:21-22).
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