As 3 aranhas domésticas mais perigosas (e 7 que são inofensivas)


Elas estão por toda a parte. Em todos os cantos. Atrás de móveis, embaixo do sofá, sob telhas, entulhos, nos cantos das paredes. Boa parte não oferece risco algum a nossa saúde. Outras são bem perigosas. Vamos conferir os tipos de aranhas caseiras mais comuns nos lares brasileiros?

1. Aranha-marrom (perigosa)

aranha marrom
Indivíduo da espécie Loxosceles gaucho, que é bem comum no Brasil.
  • Potência do veneno: alta
  • Onde existem no Brasil: muito comum no Sul, principalmente no Paraná
  • Onde se escondem: caixas, gavetas, armários, sapatos, roupas, entulhos, telhas, rodapés
  • Curiosidade mais interessante: apesar de venenosa não é agressiva
  • Nome científico: Loxosceles (gênero)

Popularmente conhecidas como aranhas-marrons, as aranhas do gênero Loxosceles podem ser encontradas em vários lugares do mundo, embora sejam nativas das Américas e da África. São conhecidas cerca de 100 espécies do gênero.

No Brasil, há nove espécies nativas, dentre as quais a Loxosceles gaucho (ver imagem acima). As espécies que mais provocam acidentes no Brasil, além da gaucho, são a Loxosceles intermedia e a laeta.

Loxoscelismo é o nome que se dá ao acidente provocado por aranhas-marrons. Caracteriza-se por muita inflamação no local da picada, seguido pela obstrução dos vasos sanguíneos e necrose da área afetada.

Sim, a picada da aranha-marrom pode provocar necrose da pele, além de mal-estar e náusea. Podem ocorrer complicações renais em casos mais graves. Na ausência de tratamento adequado, a picada da aranha-marrom pode levar à morte.

O que faz dessas aranhas tão perigosas, além da potência do veneno, é o fato delas terem se adaptado perfeitamente ao ambiente doméstico. Elas gostam de locais quentes, secos e escuros, como caixas, gavetas e armários. Podem se alojar em meio à roupa de cama ou até mesmo dentro de sapatos. Embora não sejam agressivas, um contato involuntário pode representar uma ameaça a essas aranhas. E é nesse momento em que elas se tornam perigosas.

2. Armadeira (perigosa)

aranha armadeira
Indivíduo da espécie Phoneutria nigriventer em postura de ataque.
  • Potência do veneno: alta
  • Onde existem no Brasil: várias regiões, especialmente Sudeste e Sul
  • Onde se escondem: móveis, caixas, baús, sapatos, tijolos, telhas
  • Curiosidade mais interessante: seu nome significa "assassina"
  • Nome científico: Phoneutria (gênero)

A armadeira, talvez seja a aranha mais agressiva do mundo. O nome "armadeira" se deve justamente a sua postura de ataque, que consiste em se apoiar nas patas traseiras e erguer as dianteiras, "armando" o ataque. E quando essas aranhas fazem isso, não duvide: elas estão dispostas a matar ou morrer.

Uma armadeira, também chamada de aranha-macaco ou aranha-de-bananeira, pode atingir a 15 cm de envergadura. Impressiona a agilidade dessa aranha, que é capaz de saltar a uma distância de até 40 cm.

O nome científico desse gênero (do qual fazem parte oito espécies) já indica o grau de periculosidade dessa aranha. Phoneutria é uma palavra de origem grega e significa "assassina". E, de fato, uma picada de armadeira pode matar.

Fora do Brasil, a armadeira é conhecida como "aranha errante brasileira". Esse nome faz referência ao fato desse gênero de aranhas não tecer teias e não se fixar num único lugar. Elas saem para caçar à noite e repousam durante o dia. O problema é quando essas aranhas resolvem eleger a nossa casa como abrigo. Todo cuidado é pouco.

Saiba mais sobre a armadeira: 7 curiosidades sobre a perigosa Aranha Armadeira (Aranha de Bananeira)

3. Viúva-negra (perigosa)

viúva negra
Indivíduo de Latrodectus mactans, com seus desenhos característicos no abdômen.
  • Potência do veneno: alta
  • Onde existem no Brasil: todo o Brasil
  • Onde se escondem: espaços escuros e pouco utilizados da casa
  • Curiosidade mais interessante: são muito discretas, inclusive durante o ataque
  • Nome científico: Latrodectus mactans

A Latrodectus mactans distribui-se pelas Américas do Norte, Central e do Sul, podendo ser encontrada em todos os estados brasileiros. Trata-se de uma das aranhas mais venenosas do Brasil, ao lado da da aranha-marrom e da armadeira. Em termos de potência de veneno, essas aranhas só não são páreo para a australiana teia-de-funil.

A viúva-negra ocorre em áreas rurais e urbanas. O período do ano em que ela mais aparece é durante as estações quentes, quando há mais insetos à disposição (ou seja: comida). Por isso, uma forma de manter essas aranhas longe é sempre manter a casa limpa e livre de insetos.

A viúva-negra é a mais perigosa do gênero Latrodectus, que significa "picar em segredo". Sim, essas aranhas são famosas por seu ataque furtivo, muitas vezes imperceptível. Elas são pequenas (menos de 2 cm sem contar as patas) e costumam passar despercebidas. Embora não sejam agressivas, podem picar se forem tocadas ou pressionadas.

Os sintomas começam a surgir entre 20 e 60 minutos depois da picada e incluem dor abdominal, sudorese, vermelhidão, náuseas, vômitos e distúrbios nervosos. Mortes podem ocorrer, mas são raras.

4. Aranha-pernuda (inofensiva)

Pholcus phalangioides

  • Onde existem no Brasil: todo o Brasil
  • Onde se escondem: sob pedras, atrás de móveis, cantos de parede, porões
  • Curiosidade mais interessante: suas pernas chegam a ter seis vezes o tamanho do corpo
  • Nome científico: Pholcus phalangioides

Essa aranha, famosa por suas longas patas, pode ser encontrada em todo o mundo. Ela gosta de se abrigar em locais calmos e escuros da sua casa: debaixo ou atrás de móveis, em porões, sob pedras, cantos de parede etc. Seu corpo geralmente é marrom e translúcido. Com o auxílio de um microscópio, é possível observar as células sanguíneas de uma aranha-pernuda.

O corpo desse animal é muito pequeno. As fêmeas, que são maiores, chegam a ter 8 milímetros de comprimento - o que dá menos de 1 cm! Suas pernas, em compensação, são muito compridas, atingindo seis vezes o tamanho de seu corpo.

Trata-se de uma espécie solitária, que só quebra seu isolamento para se acasalar. Na maior parte do tempo, a aranha-pernuda fica parada em sua teia, à espera de um inseto que possa ficar preso por lá. Ela não oferece risco algum aos seres humanos.

5. Aranha-de-teia-amarela (inofensiva)

aranha de teia amarela

  • Onde existem no Brasil: ampla distribuição, mais comum em regiões de Mata Atlântica
  • Onde se escondem: jardins, quintais
  • Curiosidade mais interessante: sua teia é mais resistente que o aço
  • Nome científico: Nephila clavipes

Essa espécie ocorre nas Américas do Norte, Central e do Sul, sobretudo em regiões quentes e úmidas. No Brasil, é muito comum encontrá-la na Mata Atlântica e regiões urbanizadas próximas a esse bioma. As fêmeas, que são maiores, podem chegar a 8 cm de comprimento.

O que mais chama a atenção nessa aranha é o tamanho e a força de sua teia, cuja coloração amarelada deu origem ao seu nome popular. Sua teia, que é ricamente trabalhada em formas geométricas, pode passar de um metro de diâmetro.

Em matéria de resistência, pouca coisa se compara aos fios produzidos por essa aranha, que são capazes de segurar pequenos pássaros em pleno voo. A resistência de sua seda é superior à do aço e comparável à do kevlar, material sintético utilizado para fabricar coletes à prova de bala. Incrível, não é mesmo?

Mas se você encontrar uma aranha dessa no jardim de sua casa pode ficar tranquilo. Apesar dela picar, seu veneno não causa nenhum mal a nós, seres humanos. O máximo que pode acontecer é ficar um pouco vermelho no local da picada. Se a vítima for alérgica, é preciso procurar atendimento médico.

6. Aranha-saltadora ou papa-moscas (inofensiva)

Salticidae

  • Onde existem no Brasil: em todo o Brasil
  • Onde se escondem: diversas partes da casa
  • Curiosidade mais interessante: salta a uma distância 50 vezes maior que o tamanho de seu corpo
  • Nome científico: Salticidae (família)

A família de aranhas-saltadoras, também chamadas de papa-moscas, é a maior dentre todas as famílias de aranhas do mundo. Estima-se que existam cerca de cinco mil espécies de aranhas-saltadoras, que podem ser encontradas em todos os lugares do mundo, com exceção dos polos. No Brasil, uma espécie muito comum é a Maeota dichrura.

Não é difícil imaginar por que essa minúscula aranha (de mais ou menos 0,5 cm) tem esses nomes. O adjetivo "saltadora" faz referência a sua forma de locomoção: o salto. Ela é capaz de saltar distâncias até 50 vezes maiores que o comprimento de seu corpo. Esses saltos são tão rápidos que às vezes temos a impressão de que o bichinho simplesmente desapareceu.

O nome papa-moscas tem a ver com seus hábitos alimentares. As aranhas da família Salticidae adoram comer pequenos insetos. Para isso, elas não tecem teias, mas saem à caça, saltando sobre suas presas. Tem insetos em casa? Saiba que essas aranhas estão lá para comê-los.

E não se preocupe: elas são absolutamente inofensivas.

7. Aranha-vermelha-comum (inofensiva)

aranha vermelha doméstica
Uma aranha-vermelha-comum com seu o saco de ovos e alguns filhotinhos.
  • Onde existem no Brasil: em todo o Brasil
  • Onde se escondem: atrás de móveis, cantos de parede, dentro de armários, atrás de quadros
  • Curiosidade mais interessante: pertence à família da viúva-negra, mas não é perigosa
  • Nome científico: Nesticodes rufipes

A aranha-vermelha-comum, também conhecida como aranha-de-canto-de-parede, é um tipo de aranha bastante muito encontrado em residências. Ela adora se alojar em locais úmidos e escuros, com pouca perturbação. Por isso, não se espante se der de cara com uma dessas dentro de um armário, gaveta ou atrás de um móvel da sua casa.

Essa aranha é típica dos trópicos, podendo ser encontrada em todos os continentes. As semelhanças físicas entre ela e as aranhas viúvas têm uma explicação: a aranha-vermelha pertence à família dos teridídeos, à qual pertencem as aranhas viúvas. Porém, não se preocupe: ao contrário da Latrodectus mactans, a famosa e temível viúva-negra, a aranha-vermelha é completamente inofensiva.

Um aspecto físico chama a atenção nessa espécie de aranha: seu enorme e esférico traseiro (opistossomo), que contrasta com o tamanho das outras partes do seu corpo. As fêmeas, que são maiores, têm um corpo que varia entre 4 e 6 mm.

8. Aranha-de-prata (inofensiva)

aranha de prata
Indivíduo fêmea da espécie Argiope argentata no centro de sua teia.
  • Onde existem no Brasil: em todo o Brasil
  • Onde se escondem: jardins e quintais
  • Curiosidade mais interessante: as fêmeas comem o macho após a cópula
  • Nome científico: Argiope argentata

Essa espécie também é chamada de aranha-X, devido à maneira como ela se posiciona em sua teia, unindo suas oito patas em pares. Aranhas-de-prata podem ser encontradas em todo território americano, dos EUA ao sul da Argentina.

Essa aranha adaptou-se às transformações feitas pelo homem na natureza. Por isso, é comum encontrá-la em pastagens, lavouras, parques urbanos, praças e até nos jardins das casas (há pessoas que a chamam de aranha-de-jardim).

Um dado curioso sobre essa espécie é o chamado dimorfismo sexual - o fato de machos e fêmeas serem bem diferentes fisicamente. Tal como ocorre com outros aracnídeos, as fêmeas da aranha-de-prata são muito maiores que os machos. As fêmeas atingem até 12 cm de envergadura, ao passo que os machos raramente ultrapassam 4 cm.

Outro aspecto bem interessante sobre essa espécie é a ocorrência do canibalismo sexual como regra. Após a cópula, as fêmeas quase sempre comem o macho. Se um macho sair vivo de um acasalamento, dificilmente terá a mesma sorte no próximo. Por isso, machos de aranha-de-prata têm vida curta. A reprodução é, para eles, um ato de sacrifício.

Segundo o site do Instituto Butantan, uma das possíveis razões para o canibalismo sexual é a contribuição nutricional que o macho oferta para a fêmea (e sua futura prole). Em outras palavras: a fêmea se alimenta do macho para ficar cheia de energia durante a gravidez.

9. Maria-bola (inofensiva)

Nephilingis cruentata
Uma maria-bola pendurada no teto de uma residência junto de sua prole.
  • Onde existem no Brasil: em todo o Brasil
  • Onde se escondem: jardins, cantos de parede, luminárias, parapeitos, janelas, teto
  • Curiosidade mais interessante: as fêmeas comem o macho após a cópula
  • Nome científico: Nephilingis cruentata

Também chamada de aranha-gigante ou aranha-de-telhado, a Nephilingis cruentata pode ser encontrada em praças, jardins e até em cantos de parede. Tal como ocorre com as aranhas-prateadas, as fêmeas são bem maiores que os machos, podendo atingir até 4 cm de comprimento.

Essa espécie depende de suas teias para se alimentar. A coisa funciona assim: quando suas presas (geralmente insetos) enroscam-se na teia, ela se aproxima e injeta seu veneno paralisante na vítima. Para comer, a maria-bola regurgita fluido digestivo sobre a presa imóvel. Esse fluido dissolve a presa, que é então comida lentamente pela aranha.

Você deve ter se assustado com essa descrição. Ainda mais porque falamos a palavra "veneno". Mas fique tranquilo: apesar de ser venenosa (aliás, grande parte das aranhas é venenosa), a maria-bola tem um veneno inofensivo para nós, seres humanos.

10. Aranha-de-jardim (inofensiva)

Lycosa Erythrognatha
Indivíduo da espécie Lycosa erythrognatha, bem comum no Brasil.
  • Onde existem no Brasil: em todo o Brasil
  • Onde se escondem: jardins, gramados
  • Curiosidade mais interessante: embora não seja perigosa, é muito parecida com a armadeira
  • Nome científico: Lycosa (gênero)

A aranha-de-jardim, também chamada de aranha-lobo e aranha-de-grama, tem um aspecto um pouco assustador. Mas não devemos nos preocupar com ela. Apesar de sua picada ser um pouco dolorosa e provocar inchaço, seu veneno não oferece nenhum risco à saúde humana.

Mas é sempre bom tomar cuidado. Não tanto pela picada que essa aranha dá quando se sente ameaçada, mas principalmente pelo fato dela ser muito parecida com a aranha armadeira - que é bastante perigosa! Portanto, se você por acaso encontrar uma aranha com um aspecto semelhante ao da imagem acima no jardim da sua casa, melhor deixá-la quietinha no seu canto. Pode ser uma armadeira.

Aranhas-de-jardim atingem 6 cm (contando as pernas) e caracterizam-se por uma mancha em formato de seta no abdômen. Vivem geralmente em campos, pastos, gramados e podem eventualmente entrar em casa. Alimentam-se de insetos.

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