Conheça a história da Medusa, um dos monstros mais terríveis da mitologia grega


Na mitologia grega, a Medusa foi um monstro alado feminino, uma das três Górgonas, filhas das divindades marinhas Fórcis e Ceto. Sua imagem é chocante, já que possuía dentes afiados, uma língua longa e serpentes no lugar dos cabelos. Além disso, tinha o poder de transformar em estátua de pedra a pessoa que a olhasse diretamente nos olhos.

Habitante do Extremo Ocidente, bem próximo do reino dos mortos, a Medusa era motivo de terror para todos, fossem eles mortais ou imortais. Dizem as versões mais antigas do mito que apenas Poseidon teve coragem de se aproximar da fera. E acabou a engravidando.

Outro que foi ao encontro da Medusa, mas desta vez para matá-la, foi o semideus Perseu, filho de Zeus. Segundo uma das versões do mito, ele teria se utilizado do reflexo de um escudo dado pela deusa Atena para não olhar diretamente para os olhos da Medusa. Assim, privada de seu poder petrificante, ela foi decapitada pelo herói.

Perseu e Medusa
Perseu com a cabeça da Medusa, estátua do escultor italiano Antonio Canova (1757-1822), de 1797.

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Até aqui, temos uma velha história entre o bem e o mal: o herói mata o monstro, livrando a humanidade de uma criatura terrível.

Mas as Metamorfoses do poeta romano Ovídio (43 a.C.-18 d.C.) introduzem elementos ao mito da Górgona que nos fazem encarar a história de uma maneira bem diferente da convencional.

A outra história da Medusa: de vilã a sacerdotisa injustiçada

Muita gente pensa que a Medusa já nasceu monstro. E é isso que dizem as versões mais antigas do mito. Segundo o poeta grego Hesíodo (que viveu no século VIII a.C.), a Medusa era um monstro pertencente à geração pré-olímpica. Era, portanto, de uma divindade primordial e já nasceu com os atributos monstruosos que conhecemos.

Mas segundo a versão mais tardia de Ovídio, a Medusa passou por um processo de metamorfose. Ou seja: originalmente era uma mulher, e só depois, pelos motivos que vamos ver logo a seguir, ela se transformou em monstro.

Assim, a Medusa ressurge, nessa versão atualizada, como a mais bela sacerdotisa do templo da deusa Atena, uma belíssima ninfa, em nada semelhante à figura horrenda representada pelos artistas.

Atena
Estátua de Atena, deusa da sabedoria e da estratégia, pelo escultor grego Leonidas Drosis (1836-1882).

Os motivos pelos quais a bela Medusa teria se transformado em monstro divergem de acordo com o mito. Há uma versão que diz que a sacerdotisa era muito vaidosa e orgulhosa de seus belos cabelos. Atena, com inveja da beleza da outra, teria punido Medusa, transformando sua bela cabeleira num horrendo ninho de cobras.

A violação de Medusa e a fúria de Atena

Outra versão do mito diz que a ira de Atena teria sido motivada pelo fato de Poseidon, o rei dos mares, atraído pela beleza estonteante da sacerdotisa, ter estuprado Medusa dentro do templo sagrado dedicado a Atena. Por ocupar uma função de caráter religioso, Medusa tinha de se manter casta até que seu casamento fosse autorizado.

Essa versão, convenhamos, chega a causar escândalo. Quer dizer então que a Medusa se tornou uma das maiores vilãs da mitologia grega pelo fato de ter sido violada? Parece que sim. Em vez da cólera de Atena ser dirigida ao violador, quem acabou pagando pelo crime foi a própria vítima.

E a punição não foi nada branda. Antes bela, Medusa foi transformada numa criatura horrenda. Além disso, ganhou o poder de fazer virar pedra qualquer ser que ousasse dirigir um olhar a ela. Assim, a bela sacerdotisa que antes vivia rodeada de pretendes foi condenada à solidão eterna.

Medusa
Pintura a óleo do italiano Caravaggio (1571-1610), de 1596.

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O triste fim do mito da Medusa

A forma como Medusa foi morta varia de acordo com o mito. Mas de uma coisa ninguém discorda: foi Perseu quem fez o serviço.

A versão mais famosa da lenda diz que foi Atena quem ordenou o assassinato da Medusa. Para fugir ao olhar terrível da Górgona, o herói guiou-se pelo reflexo do seu escudo polido e cortou a cabeça do monstro. Da ferida saíram Crisaor e Pégaso, filhos de Medusa e Poseidon.

A cabeça foi transportada até Atena, que a utilizou em seu escudo. A partir daí, todo inimigo que ousasse olhar para o escudo da deusa seria transformado em pedra. Perseu também colheu o cobiçado sangue do monstro, que tinha propriedades mágicas.

Isso porque a maldição de Atena também atingiu o sangue de Medusa. O sangue que corria do lado direito tinha poderes de cura, capaz de ressuscitar os mortos. Já o sangue que corria do lado esquerdo havia se transformado num veneno letal.

Medusa
Cabeça da Medusa, pintura de Peter Paul Rubens (1577-1640).

Outra versão da lenda diz que foi Polidetes, rei da ilha de Séfiro, quem mandou Perseu para matar a Medusa. O tirano era apaixonado por Dânae, mãe de Perseu. E a presença de Perseu atrapalhava os planos de Polidetes. Portanto, sob pretexto de querer dar a cabeça do monstro de presente de núpcias a Hipodamia, Polidetes tirou Perseu do caminho.

Na ausência de Perseu, Polidetes tentou estuprar Dânae. Por isso, quando regressou de sua jornada, Perseu usou a cabeça da Medusa para transformar o tirano em pedra.

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