A Última Ceia é um afresco - ou seja, uma pintura feita sobre parede - de autoria do famoso pintor renascentista Leonardo Da Vinci (1452-1519), que é também autor do clássico Mona Lisa. Trata-se da obra mais conhecida sobre a Santa Ceia, passagem bíblica que narra a última refeição de Jesus Cristo com seus apóstolos.
A pintura mede 4,60 m de altura por 8,80 m de largura e foi feita entre os anos de 1494 e 1498, sob encomenda de Ludovico Sforza (1452-1508), para decorar o refeitório do convento dominicano que fica ao lado da igreja de Santa Maria delle Grazie, em Milão, na Itália.
Hoje A Última Ceia é considerada uma das pinturas mais célebres da arte ocidental.
1. A personagem à direita de Jesus é Maria Madalena?
Repare que à direita de Jesus (esquerda de quem olha) há uma personagem com traços um tanto femininos. Ela está levemente reclinada para a sua direita e ouve alguma coisa do apóstolo Pedro. Entre Jesus e essa personagem, há um espaço vazio em formato triangular.
Isso foi o bastante para que o escritor Dan Brown criasse um romance que, apesar de ficcional, expõe uma teoria muito interessante sobre a possível descendência de Jesus Cristo. A personagem à esquerda de Cristo não seria João, mas Maria Madalena, com quem Jesus teria se casado e tido filhos.
O vão entre os dois tem a forma exata de um cálice - sim, o cálice que não aparece representado sobre a mesa! Esse espaço vazio (o cálice) representaria, na verdade, o útero, indicando que Jesus deixou descendentes.
Entretanto, não há nenhuma indicação dos estudiosos de que esta teoria seja verdade.
2. Uma obra política
Ficções à parte, o pesquisador espanhol Javier Sierra defende que a intenção de Da Vinci com a obra não foi exaltar a figura de Cristo, mas passar uma mensagem política. Mais especificamente: atacar a Igreja Católica do Papa Alexandre VI.
A motivação, segundo Sierra, seria uma desavença política entre o Duque de Milão e o Papa, que na época estavam em pé de guerra. O Duque, que encomendou a pintura, teria solicitado a Leonardo um afresco que agredisse simbolicamente a figura do pontífice e da Igreja.
Resultado: Leonardo escolheu pintar não a consagração da Eucaristia, como geralmente se fazia, mas o momento em que Cristo anuncia que será traído. No afresco, Pedro (fundador da Igreja Cristã em Roma) representaria o Papa, e a adaga em sua mão (a única arma presente em toda a pintura) seria o símbolo da traição a Cristo.
3. O próprio Da Vinci estaria presente na pintura
Já brincou de Onde Está Wally? Então tente identificar qual apóstolo é Leonardo Da Vinci. Há quem acredite que o pintor italiano tenha colocado seu rosto no lugar do rosto de um dos 12 apóstolos. Já sabe qual é?
Dê uma olhada para o 2º da direita para a esquerda, o Judas Tadeu. Parece ou não parece com ele? Mas por que ele teria feito isso? Ninguém sabe.
Quem são os 12 apóstolos na pintura?
Da esquerda para a direita:
- São Bartolomeu
- Tiago Menor
- André
- Pedro (está curvado por trás de Judas, sussurrando no ouvido de João)
- Judas Iscariotes
- João (sentado exatamente do lado esquerdo de Cristo, do ponto de vista do espectador)
- Tiago Maior (sentado exatamente do lado direito de Cristo, do ponto de vista do espectador)
- Tomé
- Felipe
- Mateus
- Judas Tadeu
- Simão
Análise da pintura A Última Ceia
A pintura retrata um momento de crise durante a última refeição de Cristo com seus 12 discípulos: o exato instante em que, após repartir o pão e distribuir o vinho, Cristo anuncia que, dentre os apóstolos sentados à mesa, há um traidor. Segundo a Bíblia, a essa altura Judas Iscariotes (o 5º da esquerda para a direita) já havia sido induzido pelo Diabo a trair Jesus.
Quando estavam comendo, reclinados à mesa, Jesus disse: "Digo que certamente um de vocês me trairá, alguém que está comendo comigo". Eles ficaram tristes e, um por um, lhe disseram: "Com certeza não sou eu!" Afirmou Jesus: "É um dos Doze, alguém que come comigo do mesmo prato. O Filho do homem vai, como está escrito a seu respeito. Mas ai daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe seria não haver nascido".
Mateus 26:26-30
A originalidade de A Última Ceia de Leonardo não está, evidentemente, na temática. Antes dele, outros artistas já haviam feito representações da Santa Ceia. O caráter inovador dessa pintura se deve, em primeiro lugar, ao momento da Santa Ceia que Leonardo resolveu retratar.
Tradicionalmente, as pinturas sobre essa passagem bíblica privilegiavam a consagração da Eucaristia. Como vimos, Leonardo preferiu outra cena: o exato momento do anúncio da traição. Nem o cálice sagrado (o Santo Graal) aparece na representação.
A intenção de Leonardo foi chamar a atenção para a atitude e a expressão de cada um dos apóstolos sentados à mesa com Jesus. Nenhum outro elemento é mais importante do que a mímica das personagens. Por isso, é possível afirmar a finalidade dramática dessa pintura.
Outro aspecto importante, que tem a ver com a arte renascentista, é a aproximação entre sagrado e mundano. Os personagens são retratados de forma humanizada, sem atributos sagrados (como as auréolas, por exemplo). Tanto os 12 apóstolos como Jesus Cristo aparecem como seres humanos de carne e osso.
Quem foi Leonardo da Vinci?
Leonardo di Ser Piero da Vinci foi uma das figuras mais importantes de sua época, e não apenas por sua genialidade enquanto artista plástico. Na verdade, ele só pintava de vez em quando. Boa parte de seu tempo tempo era dedicado a outras atividades, como engenharia, matemática, escultura, ourivesaria, arquitetura e música.
Leonardo era o que se chama de polímata - aquele cujo conhecimento não se restringe a apenas uma arte ou ciência.
Também ficou conhecido como um grande inventor. Dentre as suas inúmeras criações, há projetos de aeronaves, instrumentos hidráulicos e máquinas de guerra.
Como arquiteto, Leonardo desenvolveu e executou projetos para palácios e prédios. Sob encomenda do rei François I, chegou a criar um projeto de cidade que deveria ser a futura capital francesa, toda ela movida a energia hidráulica. Mas o ambicioso projeto nunca saiu do papel.
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